São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996 |
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Militares discutem Aids nos quartéis
RUI NOGUEIRA
Os números oficiais sobre a incidência do vírus nos quartéis serão apresentados no 1º Seminário Internacional sobre Aids nas Forças Armadas e Policiais da América Latina, que acontece de domingo até quarta-feira em Brasília. Segundo estimativas da Aliança Cívico-Militar para Combater o HIV/Sida, organização com sede em Hanover, Estado de New Hampshire (EUA), as taxas de infecção por doenças sexualmente transmissíveis entre os militares são duas a três vezes mais altas do que nos grupos sociais civis. Além do Brasil, vão participar do seminário nove países: EUA, Suriname, Peru, México, República Dominicana, Argentina, Equador, Uruguai e El Salvador. Extra-oficialmente, o Exército estima ter registrado, de 1983 até hoje, cerca de 600 casos. A Marinha, que tem 56.846 soldados e incorpora anualmente 2.400 recrutas (em média), estima ter "uns 500 casos". Não há dados sobre a Aeronáutica. Números da doença O primeiro caso de militar com HIV foi identificado em 1983, na Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Central do Exército (Rio). Uma das poucas pesquisas do Exército brasileiro revelou que a Força teve 19,7 novos casos/ano entre 1983 e 1992, só no Rio. A pesquisa foi feita com 197 pacientes do Hospital Central. Os dados foram divulgados pelo médico e major Roberto Farias no final de 1992, durante a 20ª Conferência dos Exércitos Americanos. O efetivo do Exército brasileiro é de 188.156 soldados -em média, são incorporados anualmente cerca de 72 mil recrutas. Entre os brasileiros, o Exército é hoje a Força mais aberta à discussão, pesquisa, diagnóstico e tratamento da Aids. Um dos motivos é o fato de o Exército ter o maior contingente de recrutas. Pela pesquisa feita no Hospital Central do Exército, 58,43% dos casos de Aids são entre os recrutas. Somado aos recrutas e aos cabos que decidem seguir a carreira militar, esse número pula para 70,61%. À medida que cresce a patente, decresce a porcentagem de casos. Exames anti-Aids O exame anti-Aids é um dos exames obrigatórios para os militares das três Forças que entram nas escolas de formação para fazer carreira. Os recrutas não são obrigados a fazer o teste. Marinha e Aeronáutica também fazem a exigência, e a frequência dos exames varia em função da idade e da especialidade militar. Na Marinha, 96% dos soldados são profissionais e fazem exames especiais, inclusive o anti-Aids, a cada três anos, até completarem 40 anos. LEIA MAIS sobre Aids nas Forças Armadas na pág. 3-3 Texto Anterior: Justiça obriga plano de saúde a reconhecer casal homossexual Próximo Texto: Cardeal Joseph Ratzinger viaja na maionese Índice |
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