São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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Estudante acusa imigração britânica

DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante paulista Omar Moussa Alma, 27, impedido de entrar na Inglaterra, onde estudaria por sete anos em uma universidade islâmica, acusa o serviço de imigração britânico de preconceito contra muçulmanos.
Alma tenta, há mais de dois anos, conseguir um visto de estudante para fazer um curso de computação, teologia e línguas árabes na universidade Al-Jamia Al-Islamia, em Nottinghamshire.
O estudante conseguiu, além de uma bolsa integral na universidade, uma ajuda de custo que seria paga pelas embaixadas da Arábia Saudita e do Kuait no Brasil. Ele calcula em US$ 50 mil anuais o valor das bolsas.
"Eles não me deixam entrar lá porque têm medo do terrorismo árabe. Mas eu não tenho nada a ver com isso. Não tenho culpa se os caras estão estourando avião por aí. Só quero estudar."
Para conseguir o visto, Alma já escreveu cartas pedindo ajuda a todos os vereadores da cidade, deputados estaduais, deputados federais, entidades de direitos humanos, Itamaraty, Estado-Maior do Exército, consulado e embaixada britânica, prefeito, governador, presidente da República e até ao príncipe Charles.
Quase todos lhes responderam, com promessas de ajuda, mas até hoje o visto não foi concedido.
"Já fui 42 vezes para Brasília para tentar resolver o meu problema, sem sucesso", diz.
Alma esteve na Inglaterra pela primeira vez em agosto de 1994, inicialmente para estudar em uma outra universidade islâmica, em Manchester.
Três dias após sua chegada, foi deportado, sob o argumento de que não havia convencido o oficial da imigração de que não pretendia ficar na Inglaterra por um período maior do que o declarado.
Depois de ter três pedidos de revisão da decisão negados, ele obteve permissão para apelar da decisão junto ao serviço de imigração em Londres. Desde junho último ele espera a resposta.
"Se não conseguir o visto até janeiro, vou perder a vaga na universidade", diz o estudante.
Consulado
O consulado britânico no Rio de Janeiro, responsável pela concessão de visto a quem já foi barrado alguma vez na Inglaterra, afirma que o caso de Alma está sendo estudado pelo serviço de imigração em Londres e que o serviço diplomático no Brasil não teria poder para tomar uma decisão.
Segundo o consulado, um estudante que queira estudar na Inglaterra precisa ter uma carta de aceitação da universidade e dinheiro suficiente para se manter no país durante o período do curso. O visto é concedido pelo serviço de imigração no próprio aeroporto, na chegada à Inglaterra.

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