São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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Zaire rejeita ajuda aérea para refugiados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do Zaire disse que não autorizará vôos sobre o seu território para o lançamento de comida aos refugiados hutus que estão no país a caminho de Ruanda.
"O governo do Zaire se opõe categoricamente ao lançamento de comida aos refugiados", disse o ministro da Informação do país, Boguo Makeli. O ministro disse considerar a estratégia insegura, além de condenar o fato de a missão internacional ser embasada em países vizinhos considerados inimigos.
Segundo o plano elaborado pelo Canadá, os aviões com comida devem partir de uma base em Entebbe (Uganda). Ruanda também concordou em abrir um corredor para que funcionários de organizações humanitárias avaliem a situação dos refugiados.
O chanceler canadense, Lloyd Axworthy, disse não ter certeza de que as declarações do ministro zairense traduzam a posição do governo. "As coisas no país estão bastante confusas, e quem fala por quem é um ponto de interrogação", afirmou. O Canadá recebeu o apoio de outras 15 nações, entre as quais EUA e França, para o lançamento de comida de pára-quedas sobre o território do Zaire.
A hostilidade do Zaire à iniciativa canadense aumentou depois do encontro em Goma entre o chefe da missão internacional da ONU para o país, o general canadense Maurice Baril, e o líder dos rebeldes tutsis que controlam o leste do Zaire, Laurent Kabila. "Se devemos levar segurança à zona, temos de organizar uma coordenação com quem tem o controle do terreno", disse Baril.
Algumas organizações humanitárias se opõem ao plano canadense, considerando-o caro demais e ineficiente.
"Como você joga suprimentos quando não tem idéia de onde estão os refugiados?", disse um funcionário baseado no Quênia.
Cerca de 600 mil refugiados hutus já retornaram a Ruanda desde 15 de novembro. Estima-se que pelo menos 250 mil ainda estejam no Zaire, a caminho de Ruanda.
As organizações humanitárias insistem que, mesmo que a comida seja lançada, há necessidade de pessoas em terra para distribuí-la. Há risco de que a ajuda acabe indo para milicianos hutus que controlavam os campos de refugiados.

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