São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996 |
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Lula quer adiar debate sobre candidatura Genro
CARLOS EDUARDO ALVES
"Não acho possível o PT discutir nomes agora e antecipar em dois anos o processo", disse ontem, antes de participar de um seminário com os prefeitos eleitos pelo partido em São Paulo. "Candidatura é assunto para o final do ano que vem", acrescentou. A declaração de Lula bate de frente com a articulação da possível candidatura Genro. A ala que trabalha com o nome do prefeito para 98 avalia que, se Lula não for o candidato a presidente pelo PT, é necessário desde já "costurar" o nome do prefeito de Porto Alegre. Uma reunião marcada para o próximo dia 16, em Brasília, começaria a discutir nomes para 98. O encontro das correntes que hoje dirigem o PT foi esvaziado com a declaração de Lula. Genro conta hoje com o aval dos grupos políticos mais influentes do PT, desde que Lula não queira concorrer. Mas o raciocínio dos que trabalham pela hipótese Genro inclui a necessidade de evitar reação da esquerda partidária ao nome do político gaúcho, o que só seria possível com um acordo negociado desde já. Além disso, Genro precisaria se credenciar na base petista fora do Rio Grande do Sul. O ideal seria que estivesse a caminho da consolidação da candidatura e, melhor, sem a "sombra" de Lula. Para complicar a articulação a favor do prefeito de Porto Alegre, Lula também não foi claro sobre se defende o lançamento de uma candidatura presidencial petista. "Nós devemos procurar personalidades soltas e ver o que eles pensam da vida política deles", disse. Alianças Como exemplo de "personalidades soltas" que deveriam ser ouvidas, Lula citou o ex-presidente Itamar Franco (sem partido), o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) e o senador Roberto Requião (PMDB-PR). Lula também não foi enfático na recusa a uma possível candidatura sua ao Palácio do Planalto. "Estou ponderando e liberando o PT para não ter de carregar o Lula no bolso de colete", disse. Nenhum dirigente do PT duvida que haverá pressão interna para que Lula seja candidato a presidente em 98. O líder petista criticou o presidente Fernando Henrique Cardoso, que em seu entender antecipou a sucessão ao comandar a luta pela reeleição. "Ele (FHC) pautou essa discussão para o país e criou uma falsa polarização com o Maluf", acha o petista. Para Lula, a polarização é conveniente aos dois. Para FHC, dá condições de se apresentar como o candidato de centro-esquerda contra o da direita. Ainda segundo Lula, o atual prefeito paulistano ganha penetração nacional. "Maluf não tem no país a força eleitoral que tem em São Paulo", declarou. Como contraponto à discussão sobre reeleição, Lula propõe a formação de uma frente de combate à política "neoliberal". A luta contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce poderia ser a senha para a reunião de personalidades que acham que "não basta a estabilidade da moeda". Texto Anterior: A tentação mora ao lado Próximo Texto: PT critica esforço por reeleição Índice |
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