São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Governo de SP recolhe vacina tríplice

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Secretaria da Saúde de São Paulo vai recolher as doses de vacina tríplice bacteriana (contra coqueluche, tétano e difteria) com utilização suspensa no Estado desde o dia 13 de dezembro.
As vacinas, de fabricação suíça, foram interditadas pela secretaria após a ocorrência de reações adversas em 15 crianças, sendo cinco com mais gravidade.
Vão ser recolhidas e devolvidas ao Ministério da Saúde 349.673 doses da vacina. Outras 30.337 doses já haviam sido utilizadas em cinco dias úteis de vacinação.
A situação no Estado só deve se normalizar com a chegada de um novo lote de vacinas que está sendo testado pelo Ministério da Saúde, prevista para daqui a 15 dias.
Segundo o coordenador dos Institutos de Pesquisa da Secretaria da Saúde, Ricardo Oliva, a secretaria decidiu pelo recolhimento após analisar dados que mostram que a ocorrência estatística de reações à vacina foi maior que a esperada.
"A vacina não é de má qualidade e não está estragada, mas simplesmente provocou mais reações adversas do que estamos acostumados", afirmou.
As reações mais comuns à vacina tríplice são vermelhidão e dor no local. Das 15 crianças que tiveram reações atípicas, cinco tiveram convulsões e 10 tiveram síndrome hipotônica (fraqueza).
Segundo Oliva, não deve haver problemas em função da paralisação da vacinação, uma vez que as três doenças não estão em uma situação epidêmica.
A Secretaria da Saúde pretende abrir na segunda-feira um processo para a compra em caráter emergencial de 400 mil doses de vacina tríplice para substituir as vacinas recolhidas.
As vacinas compradas diretamente pela secretaria só devem chegar em meados de janeiro ou fevereiro.
"Mesmo recebendo um novo lote, temos um buraco de 380 mil doses, das vacinas que foram descartadas", afirma Oliva.
Exames
O presidente da FNS (Fundação Nacional de Saúde), Edmundo Juarez, disse ontem que a entidade não pode tomar nenhuma providência com relação às vacinas tríplice recolhidas enquanto os exames nos lotes não ficarem prontos.
Segundo ele, os resultados só devem ser divulgados entre 10 e 15 de dezembro. Até lá, a vacinação vai ficar suspensa nos Estados que optarem pela não-administração da vacina tríplice.
O presidente da FNS garantiu que não haverá prejuízo para as crianças não vacinadas.
"Mesmo com o abastecimento normal, dificilmente as crianças são vacinadas no prazo determinado", disse.
Juarez disse que, sem os resultados dos exames, não é possível saber se as reações são provocadas por defeitos nos lotes das vacinas ou se são as reações normais causadas pelo medicamento.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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