São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Governo financia 'operação Bamerindus'

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai financiar um grupo de executivos que assumirá o controle acionário do Bamerindus. O acordo para recuperar o banco deverá ser fechado na próxima semana.
Segundo a Folha apurou, esse empréstimo será semelhante aos oferecidos pelo Proer (programa que financia fusões bancárias com juros abaixo dos de mercado).
Com os recursos, será aumentado o capital do banco, para compensar as perdas sofridas desde o ano passado devido a saques de grandes clientes.
Em agosto de 95, o governo decretou intervenção no Banco Econômico e os rumores no mercado prejudicaram o Bamerindus.
O grupo vai comprar as ações da Fundação Bamerindus -atual controladora do banco-, que será extinta.
Os executivos irão contratar um banco privado para preparar um novo perfil do banco paranaense. O Bamerindus recebeu propostas dos bancos Pactual, Icatu e Graphus sobre uma nova modelagem da instituição.
Os técnicos do BC e do Bamerindus estão estudando o plano que melhor se encaixa no acordo que está sendo fechado.
Controle temporário
O controle acionário será temporário. Os executivos serão obrigados a vender as ações compradas da fundação.
A solução deve ser anunciada na próxima semana pelo presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, e pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Esse acordo foi proposto pelos executivos do Bamerindus ao BC há dois meses. O governo usou um modelo semelhante no acordo com o governo paulista sobre o Banespa.
O grupo de executivos será definido pelo BC e pelos atuais controladores do banco paranaense.
Pelas discussões com o BC, o banco consultor escolhido deverá ter um prazo de dois anos para mudar o controle acionário do banco paranaense. Ele terá a responsabilidade de encontrar compradores para o banco.
Bens
A solução deve envolver também uma administração conjunta com o BC por um tempo determinado. A diferença é que os bens dos controladores não ficarão em indisponibilidade -como acontece nas intervenções formais do BC- no caso de algum problema financeiro no banco.
Técnicos do Bamerindus estão confiantes numa solução rápida por causa do fechamento do acordo do Banespa. Eles acreditam que a captação do banco pode crescer R$ 1 bilhão somente com o anúncio do acordo.
Eles acreditam que, se esse modelo serviu para o banco paulista, que envolvia uma operação mais complicada com o governo do Estado, ele poderá ser aceito pelo BC para o Bamerindus.
Durante a gestão do banco contratado, os executivos irão vender as empresas não financeiras do grupo Bamerindus, como a Inpacel -empresa de celulose.
O senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR) já aceitou deixar a presidência do banco.
Como pessoa física, ele é acionista minoritário, mas tem delegação, de um grupo de acionistas, para exercer a presidência do banco paranaense.

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