São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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PSDB vê hoje cenário desfavorável a FHC

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento de parlamentares do PSDB aponta um quadro pessimista quanto à aprovação da emenda sobre a reeleição de FHC.
Segundo pesquisa informal dos tucanos nas demais bancadas da Câmara, o governo conta com apenas 220 dos 308 votos necessários para aprovar a emenda. Os indecisos seriam poucos, apenas 54.
Pelos mesmos cálculos, 239 deputados são contrários à reeleição. Os principais focos de resistência são os seguintes:
1) a composição dos palanques para eleição de governador, no caso de coligações nacionais não serem admitidas em Estados e municípios; 2) a venda da Vale do Rio Doce; 3) a posição declaradamente contrária de caciques partidários; 4) a tese da consulta popular por plebiscito.
O levantamento tucano mostra que pelo menos 20 dos 97 deputados do bloco PPB-PL são a favor da reeleição, o que contradiz a orientação de Paulo Maluf.
No PFL, há pouquíssimas dissidências, apenas 18 dos 108 deputados. No PMDB, seriam 67 favoráveis e 34, contra. A pesquisa também revela as divergências internas: no PSDB, 11 dos 88 deputados votariam contra FHC.
Um dos motivos da resistência da bancada do PSDB no Maranhão -onde a rejeição à emenda ultrapassa 45%- é o temor de ser "engolida" pelo PMDB local no caso de FHC fechar um acordo com o partido em troca da reeleição.
Em Minas Gerais, o que deve decidir a adesão à reeleição é a privatização da Vale. Pelo menos oito deputados condicionam seu apoio à emenda à aceitação da proposta do governador Eduardo Azeredo, de aplicação de 50% dos recursos obtidos com a venda da estatal nos Estados em que a empresa atua.
Os deputados mineiros do PSDB também criticam a aproximação de FHC com o ex-governador Newton Cardoso (PMDB).
Mais uma vez, a pergunta é "com quem FHC vai dividir o palanque?", já que são remotas as possibilidades de uma coligação entre as duas legendas em Minas.
No Ceará, o problema é o mesmo. Se FHC apoiasse o governador Tasso Jereissati (PSDB) nas próximas eleições, o PMDB ficaria "desprotegido". Nas contas dos tucanos, FHC receberia apenas 7 dos 22 votos da bancada cearense.
Na avaliação do PSDB, constituem um ponto negativo as críticas públicas contra a reeleição feitas pelo presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), pelo ex-presidente Itamar Franco, pelo prefeito Paulo Maluf e pelo ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes.
O PSDB também calcula que essas lideranças exerçam influência em 35% dos parlamentares.
Plebiscito e voto secreto
A consulta popular sobre a reeleição por meio de um plebiscito ganha espaço na bancada paulista. Além do deputado Almino Afonso (PSDB), autor de uma emenda nesse sentido, a idéia tem o apoio de representantes do PMDB e até entre pefelistas.
Outro empecilho para a aprovação de mais um mandato para FHC considerado pelos tucanos é a possibilidade de a votação da emenda ser secreta.
Para que isso aconteça é necessário requerimento com a adesão da maioria absoluta do plenário ao voto secreto. O STF (Supremo Tribunal Federal) pode vir a decidir a modalidade de voto -ou aberto ou fechado.
Na avaliação de integrantes do tucanato, FHC perderia no plenário, caso os deputados não precisassem revelar seus votos.

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