São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Infecção atinge 1,5 milhão em um ano

MARCELO OLIVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA

Pelos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS), o risco de contágio não deve ultrapassar a esfera dos 5 a 10%. Desse total, é tolerado que apenas 2% venham a sofrer complicações e morrer.
Os dados são do cirurgião pernambucano Edmundo Machado Ferraz, uma das maiores autoridades brasileiras em infecção hospitalar e consultor da OMS e do Ministério da Saúde sobre o assunto.
Ferraz, que é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde preside a comissão de controle de infecção hospitalar do Hospital das Clínicas, apresentou os números no fórum popular que discutiu infecção hospitalar, realizado no sábado, último dia do 7º Congresso Brasileiro de Cirurgia Digestiva, em Goiânia.
No evento, o médico lançou o livro "Infecção em Cirurgia".
48 horas
Segundo Ferraz, só é considerada infecção hospitalar aquela contraída 48 horas após a internação do paciente.
No Brasil, o principal tipo de infecção é a urinária, a menos grave, que atinge 38,5% dos casos. A mais letal, oriunda de feridas cirúrgicas, tem índice de 16,6%.
Os outros tipos de infecção mais comum são as respiratórias (segunda mais comum), bacteremia (no sangue) e cutânea.
Embora afirme que o problema ocorre em qualquer hospital, Ferraz adverte que muitos hospitais do Brasil não possuem, como prevê a lei, uma comissão de controle de infecção hospitalar.
Ele lembrou também que a população cobra pouco pelos seus direitos de higiene.
Exemplo próprio
Durante a exposição, Ferraz exibiu uma foto mostrando um cesto de lixo de um hospital abarrotado de detritos e recomendou: "Se você, parente, vir um hospital nessas condições, retire seu paciente de lá, ou cobre pela limpeza".
O médico disse que a foto havia sido tirada por ele no próprio hospital onde trabalha. Ferraz afirmou que, assim que revelou a foto, há quatro anos, mostrou-a para o chefe da equipe que trabalhava na sala e cobrou por uma solução.
Hoje, após 19 anos de trabalho da comissão de controle de infecções, o HC da UFPE registra queda de mais de 40% nos índices de infecção hospitalar e mortes, em comparação com os números de quando foi iniciado o trabalho.
Apesar do apelo causado pelos casos de mortalidade neonatal registrados em várias maternidades do país, poucas pessoas compareceram ao fórum popular sobre infecção hospitalar em Goiânia.

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