São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Aborto foi legalizado nos EUA em 1973

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O aborto é legal em todos os EUA desde 22 de janeiro de 1973, quando a Suprema Corte resolveu o caso conhecido como Roe versus Wade.
A decisão da Suprema Corte foi de que a mulher tem o direito constitucional de praticar aborto. A maioria da população norte-americana, segundo frequentes pesquisas de opinião pública, apóia o direito ao aborto.
Apenas cerca de 15% defendem a tese de que todo aborto deve ser posto fora da lei. Em torno de 33% acham que todo aborto deve ser legal e 50% acreditam que apenas em certas circunstâncias.
Militantes antiaborto
Mas a minoria antiaborto é muito ruidosa e, por vezes, violenta. Entre 1977 e 1994, houve 1.712 atentados contra clínicas de aborto no país, incluindo 40 bombas e 92 incêndios criminosos. Quatro pessoas morreram e oito ficaram feridas nesses incidentes.
O caso de John Salvi Terceiro, que apareceu morto anteontem na cela em que cumpria pena de prisão perpétua por duplo homicídio em duas clínicas de aborto em Boston, fez com que diminuíssem os atentados violentos. Nos últimos dois anos, diminuíram os incidentes nas clínicas.
Em junho de 1992, a Suprema Corte manteve a decisão de Roe versus Wade, embora tenha ampliado os poderes dos governos estaduais de regularem a interrupção da gravidez.
O então presidente George Bush havia jogado pesado para que a Corte, que ficara muito mais conservadora após 12 anos de governos conservadores, modificasse a resolução de 1973.
Bush queria que o direito ao aborto fosse limitado a casos de estupro, incesto e risco de vida para a mãe. Agora, com mais quatro anos de administração Bill Clinton, que é favorável ao aborto, a composição da Corte tornará mais difícil do que nunca, pelo menos nos próximos 20 anos, qualquer alteração da Roe versus Wade.
O máximo que os conservadores têm conseguido em alguns Estados é fazer com que a mulher que deseja praticar aborto ouça exposição médica sobre o desenvolvimento do feto e espere 24 horas antes de se submeter à cirurgia e exigir que menores de 18 anos que não trabalham obtenham a autorização de um dos pais para abortar.
O tema do aborto foi importante na eleição presidencial de novembro passado. Era um dos poucos que separavam com nitidez Clinton (a favor) do candidato da oposição, Bob Dole (contra).
Pode ter sido uma das razões por que o presidente obteve a maioria absoluta dos votos femininos, que lhe garantiu a reeleição (entre homens, Clinton e Dole, empataram).

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