São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Encontro opõe Rússia ao Ocidente

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

A conferência da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, que começa hoje em Lisboa, pretende ser o primeiro passo para a entrada na Otan (aliança militar ocidental) dos países que eram do antigo Pacto de Varsóvia (extinta aliança militar dos países do bloco comunista liderada pela ex-URSS).
No entanto, o primeiro-ministro russo, Victor Tchernomirdin, disse que chegaria à reunião disposto a barrar iniciativas nesse sentido.
Na semana passada, os russos ameaçaram apontar seus mísseis nucleares para a Europa se fosse acertado que os países do Leste Europeu poderiam entrar na Otan.
Tchernomirdin substitui o presidente russo, Boris Ieltsin, que se recupera da cirurgia no coração. O presidente norte-americano, Bill Clinton, optou por não ir. O presidente norte-americano enviou o vice Al Gore para o substituir.
Inicialmente, a conferência tinha como agenda três pontos: a rediscussão do tratado de limitação do armamento convencional, um documento base para a segurança européia e a Bósnia, onde a OSCE está diretamente envolvida no processo de paz.
No entanto, mais dois pontos foram incluídos na última hora -a Belarus, que foi unanimamente condenada pela fraude eleitoral, e o enclave de Nagorno-Karabahk, uma exigência do presidente do Azerbaijão.
Na discussão do tratado de armas convencionais, os russos estão exigindo contrapartidas à aceitação da ampliação da Otan. O tratado foi feito na época em que se contavam do lado soviético os países do antigo pacto de Varsóvia. Com a queda do comunismo na Europa Oriental, o tratado tornou-se obsoleto.
Segurança
No documento para a segurança européia -uma discussão de doutrina-, a divisão é entre os Estados Unidos de um lado e os países europeus e a Rússia do outro.
Os norte-americanos pretendem formar uma comissão para que o documento fique pronto no século 21. Os europeus querem que o documento seja aprovado mais rapidamente.
Para os americanos, o documento deve ser constituído por uma série de linhas gerais para a segurança, enquanto os europeus pretendem codificar regras para a convivência pacífica entre os europeus.
Junto com a conferência de Lisboa, os presidentes e primeiros-ministros estão aproveitando para realizar encontros bilaterais. Até ontem à tarde, já estavam marcadas 202 reuniões.

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