São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Anistiados; Franco; Vale; Saúde precária; Geisel; Dívida com o Rio; Bandejão; Armas de brinquedo

Anistiados
"Sobre a reportagem 'Anistiados recebem até R$ 24 mil por mês' (19/11): no texto da reportagem é feita uma comparação entre os valores médios pagos às aposentadorias normais e aqueles pagos aos anistiados. Essas aposentadorias, em que pese a grave injustiça que se comete com todos os aposentados brasileiros, não podem ser comparadas.
Os anistiados foram presos, torturados, assassinados, exilados, destituídos de suas funções, demitidos de seus empregos, proibidos de exercer suas profissões, marginalizados da vida política, sindical e profissional do Brasil por longos anos. Qual o dinheiro que paga a tortura física e moral de ver-se impedido de passar à sociedade de seu tempo a força de seus ideais mais dignos?
Foram vidas ceifadas, mesmo as que não foram assassinadas. Seria maravilhoso se a Folha publicasse uma reportagem de igual tamanho relatando as dificuldades para a efetiva realização da anistia. Milhares de civis e militares, até hoje, 17 anos após a 1ª Lei de Anistia, absolutamente nada receberam ou recebem."
Carlos Fernandes, presidente da Abap -Associação Brasileira de Anistiados Políticos (Brasília, DF)
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"Li, estupefato, a relação dos anistiados e chego a pensar que agi erradamente em sempre ter apoiado nossos governos. Faço parte honradamente da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutou contra regimes ditatoriais.
Que vejo agora? Centenas de cidadãos, ex-comunistas fichados, guerrilheiros, sabotadores, exercendo altos cargos e recebendo polpudas pensões!"
Danilo da Mata Ribeiro (Taubaté, SP)

Franco
"Simplesmente fantástico o artigo 'Parnasianos alternativos', de Gustavo Franco. Esperamos que ele continue lúcido aos 79 anos, como o dr. Roberto Campos."
Lidia Santana (Salvador, BA)
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"Pelo conteúdo de seu artigo no Mais! de 25/11, tudo leva a crer que o diretor do BC Gustavo Franco vem sofrendo do mal intitulado 'progéria de idéias', ou seja, envelhecimento precoce do pensamento. Ele e o senador Roberto Campos têm muito em comum na forma de escrever seus artigos.
O escárnio com intelectuais de esquerda é do mesmo calibre. No caso do senador, tudo absolutamente normal. Já para Gustavo Franco, que até ontem transitava muito à vontade pelo arcabouço marxista, não se trata de mera dialética do espírito. É progéria mesmo. Um surto que se alastra pelo país."
Luiz Cézare Vieira (Florianópolis, SC)

Vale
"Para mim, a privatização da Vale é crime de lesa-pátria, e os responsáveis deverão responder pelo evento, se o fizerem."
Olavo Principe Credidio (São Paulo, SP)
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"'O manifesto dos dinossauros', de autoria do ilustre deputado Roberto Campos, omite uma verdade: que o maior dinossauro da política brasileira é o próprio Roberto Campos, que teve o poder nas mãos e em sua época jamais falou em privatizar a Cia. Vale do Rio Doce. Por que só agora ele pensa que descobriu o caminho das pedras?"
Teopompo de Assis Coelho (Governador Valadares, MG)

Saúde precária
"Impressionante a hipocrisia dos meios de comunicação. Primeiro apóiam candidatos a cargos públicos cujas prioridades são, no mínimo, discutíveis, em detrimento de outros candidatos realmente preocupados com as questões sociais; tais como educação, saúde, habitação etc. Agora se mostram indignados com as mortes de crianças por contaminações hospitalares; a falta de medicamentos nos postos de saúde; o atendimento precário nos hospitais de todos os níveis de governo e outras indignações que tomamos conhecimento por meio da mídia."
Alberto Benedito de Souza (São Paulo, SP)

Geisel
"Anunciada a morte de Geisel, espocaram na mídia entrevistas e pronunciamentos laudatórios, que guindavam o ex-general-presidente às alturas!
Os políticos de carreira não ousaram sequer mencionar o que mais marcou o governo Geisel: fechou o Congresso, para melhor exercer sua tirania; usou e abusou dos poderes ditatoriais do AI-5 para perseguir, torturar e executar sumariamente sindicalistas, estudantes, artistas e intelectuais, cognominados 'subversivos' -jargão militar impingido àqueles que se insurgiam contra a ditadura militar fascista; censura férrea no cinema, teatro, televisão e principalmente à liberdade de imprensa."
Antonio Dõnatz Ribeiro da Silva (Curitiba, PR)

Dívida com o Rio
"Quem consome jornalismo no Brasil fica com a impressão de que a violência urbana e a miséria são exclusividades cariocas. Por que as redações de São Paulo têm mais intimidade com o distante Complexo do Alemão do que com o vizinho Capão Redondo?
O que o país lucra afugentando para outros países os turistas da sua eterna porta de entrada? Uma mobilização nacional pela candidatura carioca para sediar a Olimpíada é a possibilidade de o país resgatar sua dívida histórica como a ex-capital, maltratada e pilhada por quem hoje ri das suas mazelas."
Alexandre Borges (São Paulo, SP)

Bandejão
"Sou recém-contratado como professor-assistente da USP e almoço e janto todos os dias no Restaurante Universitário (bandejão). É muito frequente ver os alunos jogando no lixo toda a refeição após ter dado uma ou duas beliscadas.
Outro dia mesmo, um daqueles típicos moradores do alojamento gratuito atirou fora o arroz, feijão, salada, peixe empanado e a canjica, sem qualquer constrangimento. Hoje, vendo uma mocinha fazer o mesmo, não resisti. E claro que ela não reconheceu erro. São todos universitários, e a comida é gratuita, o que se paga (R$ 1,60) é a mão-de-obra."
Luiz Eduardo Anelli (São Paulo, SP)

Armas de brinquedo
"Indago sobre os objetivos de futuro que tem um pai que dá ou permite que um 'estudante' de 14 anos porte uma 'réplica' de pistola semi-automática, a qual requer espoleta para ser eficiente em 'brincadeiras'.
O Estado, ao treinar as pessoas que tornaram-se policiais militares, os habilitou a distinguir instantaneamente um brinquedo criado com a finalidade de se passar por uma arma verdadeira? Se como tantas armas nas mãos de menores, os quais são os mais violentos, aquela fosse verdadeira, não haveria tanta repercussão do fato, pois o policial teria morrido, e com policial morto em serviço quem se importa?"
José de Almeida Noronha, capitão PM instrutor de tiro defensivo (São Paulo, SP)

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