São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Charutos revelam o 'apartheid' em Cuba

PAULO HENRIQUE BRAGA
EM HAVANA

O charuto cubano, que na boca de Fidel Castro virou um dos símbolos da revolução socialista no país, acaba por ilustrar o que se pode chamar de apartheid social vivido pela população da ilha.
Para poder soltar baforadas da fumaça de um Cohiba ou de um Montecristo, só com dólares. Nas lojas de Havana, uma caixa de bons charutos pode ultrapassar os US$ 150, o equivalente a cinco meses de salário de um trabalhador.
Quem sabe por solidariedade aos compatriotas, o próprio Fidel deixou de fumar, como parte de uma campanha de saúde pública.
Longe de seu poder aquisitivo, a venda para turistas estrangeiros dos "puros" se tornou um modo de o cubano escapar das limitações impostas pelo peso, a moeda local usada para compra de itens essenciais (quando eles existem).
É absolutamente impossível sair às ruas e não ser abordado por pessoas que, invariavelmente, dizem ter um amigo que trabalha numa fábrica de charutos e consegue o artigo por um preço menor.
Nesse caso, a mesma caixa de Cohibas ou de Montecristos pode sair por até US$ 20. Caso o turista resolva comprar, é indispensável que peça para ver os charutos, para não levar gato por lebre.

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