São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996 |
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Balé da Cidade de SP dança israelense
ANA FRANCISCA PONZIO
Um dos melhores coreógrafos da atualidade, Naharin decidiu remontar uma de suas obras para o Balé da Cidade depois de conhecer o elenco ano passado, quando esteve no Brasil com seu grupo, Batsheva Dance Company, para participar do Carlton Dance Festival. No momento, Naharin integra o rol de coreógrafos disputados por companhias de grande prestígio. Entre outras, ele já coreografou para o Netherlands Dans Theatre (da Holanda), Cullberg Ballet (Suécia), Frankfurt Ballet (Alemanha) e para o Lyon Opera Ballet (França). "Axioma 7", ele criou para o Ballet du Grand Théâtre de Genève (Suíça), em 1991. "Escolhi remontar esta peça para o Balé da Cidade porque é muito estruturada, capaz de se manter corretamente, fiel ao original, mesmo sem minha presença junto à companhia", diz Naharin, acrescentando que encontrou junto ao elenco paulista as condições adequadas para a interpretação de sua obra. "O Balé da Cidade possui abertura e desejo de acertar, além de bailarinos com grande capacidade técnica, como exigem minhas obras", afirma. Bach Dançado ao som do "Concerto de Brandemburgo nº 4", de Bach, "Axioma 7" não tem um tema específico. Mas, como todas as peças de Naharin, possui grande força evocativa. "Permite tecer comentários sobre amor, fragilidade ou espontaneidade." Segundo Naharin, a grandeza da música de Bach impede qualquer ilustração coreográfica. Por isso, ele se sentiu desafiado a explorar estruturas relativas ao movimento do corpo, num nível de elaboração semelhante à partitura do compositor. "Fundamentalmente, é um trabalho sobre composição, sobre pesquisa do movimento", explica. O título "Axioma 7" foi escolhido por Naharin porque contém idéias intrigantes. "Pode significar matemática e também um fato inquestionável, como a existência de Deus." 'Inside' Além de "Axioma 7", o programa que o Balé da Cidade apresenta nesta temporada inclui a coreografia "Inside", do brasileiro Sandro Borelli. Revelação recente, Borelli é ex-bailarino do Balé da Cidade de São Paulo. Em "Inside", ele desmistifica valores como forças armadas e santa ceia por meio de um personagem que, ao chegar ao ápice de sua vida pessoal e profissional, se confronta com o vazio, atirando-se do 13º andar de um prédio. "Durante esta queda surgem na mente deste personagem imagens e situações que compõem as metáforas do balé", diz Borelli. As reminiscências provocadas pelo salto no vazio são salientadas por uma trilha sonora que mistura músicas de Pink Floyd, Elton John, Bee Gees, Black Sabbath, Led Zeppelin, Eagles e Chopin. Espetáculo: Balé da Cidade de São Paulo dança "Axioma 7", de Ohad Naharin, e "Inside", de Sandro Borelli Quando: de hoje a sábado, às 21h; domingo, às 10h30 e 17h Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 222-8698) Ingressos: R$ 2,00 e R$ 8,00 Texto Anterior: A burrice contemporânea é... sei lá, mil coisas... Próximo Texto: Livro revisita as charges de Belmonte Índice |
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