São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996
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Ministro demite chefe militar na Rússia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O comandante das forças terrestres da Rússia, o general-de-exército Vladimir Semionov, foi destituído ontem pelo ministro da Defesa, Igor Rodionov.
Ele estaria realizando ações que "mancham a honra e a dignidade dos soldados e são incompatíveis com seu cargo".
Um comunicado do Kremlin, porém, disse que a destituição ainda não foi assinada pelo presidente da Rússia, Boris Ieltsin.
Semionov disse ao jornal "Izvestia" que foi chamado por Rodionov na sexta-feira. O ministro disse a ele que o estava demitindo por causa de acusações sérias relacionadas a "atividades comerciais" de sua mulher, funcionária de uma fábrica de helicópteros.
"Isso é totalmente inesperado. Eu não recebi qualquer acusação concreta e convincente, e as razões de minha demissão não são claras", afirmou Semionov.
O Kremlin desmentiu informação do Ministério da Defesa, segundo a qual a demissão teria ocorrido por um decreto presidencial.
Ieltsin, que se recupera de cirurgia cardíaca, teria aceitado, a princípio, a saída de Semionov, mas a decisão final deve ser tomada por uma comissão militar do Kremlin.
Chefes militares ouvidos pelo "Izvestia" disseram que as atividades da mulher de Semionov foram apenas um pretexto para a demissão. Eles afirmaram que muitos familiares de militares, inclusive o filho do ministro Rodionov, se dedicam a atividades comerciais e não são perseguidos por isso.
Para as fontes ouvidas pelo jornal, a destituição faz parte de uma nova campanha de demissões, com o objetivo de levar a postos-chave partidários incondicionais do novo ministro.
Rodionov substituiu em julho Pavel Gratchev no chefia do Ministério da Defesa. Gratchev era considerado um militar linha-dura e foi responsabilizado por fracassos na intervenção militar russa na Tchetchênia.
Um membro do Comitê de Defesa do Parlamento russo disse que Semionov tem uma parcela de responsabilidade no processo de decadência das Forças Armadas.
A instituição tem tido seu moral abalado por falta de dinheiro e pelo fracasso da operação militar contra os separatistas tchetchenos.
Tchetchênia
A Rússia está retirando suas tropas da região do Cáucaso. Um acordo de paz que atende à maioria das reivindicações dos rebeldes foi assinado em agosto.
Rodionov tem desmentido rumores de uma rebelião militar iminente, mas alerta que a situação pode ficar fora de controle se não houver mais recursos.

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