São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Satélites transmitirão informações restritas

BILL GATES

Pergunta - Você acha que, no futuro próximo, TVs e PCs poderão se ligar à Internet via antena parabólica? Glen Caplan, Boca Raton, Flórida (GlenC21@aol.com).
Resposta - Dentro em pouco, os satélites serão uma das maneiras pelas quais uma quantidade restrita de informações da Internet será transmitida para TVs e PCs. Mas essas transmissões não vão garantir interatividade real ou acesso à maioria dos sites.
Os satélites funcionam muito bem para determinados tipos de transmissão. Um satélite pode transmitir para um país inteiro. Os serviços de transmissão direta via satélite estão fazendo sucesso com os telespectadores nos EUA e em outros países. Eles podem oferecer centenas de canais com vídeo e som de alta qualidade.
A largura de banda é impressionante, mas é finita e compartilhada por todo mundo. Um assinante pode mudar de um canal para outro, mas não pode pedir um programa que não seja transmitido em um dos canais.
Durante 1997, surgirá a possibilidade de os assinantes desses serviços de transmissão direta via satélite capturarem programação de vídeo, títulos multimídia e conteúdos selecionados da Internet em seus PCs ou televisores equipados para isso.
Noticiários, esportes, preços de ações e entretenimento serão transmitidos em tempo integral, e os PCs e as TVs vão mostrar essas informações -com textos e imagens- a pedido do usuário.
Transmissões locais de vários tipos -por rádio- também fornecerão informações selecionadas da Internet. Uma empresa já está usando uma frequência de pager para transmitir informações para PCs.
Mas os consumidores que dependerem unicamente das transmissões de satélites ou locais por rádio só terão acesso a uma porcentagem minúscula da espantosa quantidade de conteúdo disponível na Internet.
Por exemplo: não vão poder tomar parte em bate-papos interativos, a não ser que disponham de uma conexão adicional à Web, como uma conexão telefônica -a WebTV, um novo esquema que permite que um televisor mostre informações interativas da Internet, funciona com linhas telefônicas comuns e não com transmissões de rádio.
Em algum momento, uma nova geração de centenas de satélites em baixas altitudes deverá tornar realidade o acesso totalmente interativo à Internet -por banda larga- no mundo todo. Mas ainda nos faltam pelo menos alguns anos para chegar lá.
Pergunta - Muito tempo atrás, quando você estava aprendendo a mexer com computadores e a fazer programação, alguma vez sentiu desejo de prejudicar outros usuários, escrevendo um vírus? Victor Wachter (vwachter@interl.net)
Resposta - Nunca escrevi um vírus e não poderia me imaginar fazendo isso, porque é muito anti-social. Não entendo o prazer que alguém pode ter em estragar os documentos de outra pessoa, destruindo todo o trabalho que esta fez, só para mostrar do que é capaz.
Mas entendo o prazer de tentar ser mais esperto do que um sistema de computador. Quando eu era adolescente, adorava provocar uma quebra num micro. Era uma ótima maneira de aprender.
Quando estava no ginásio, eu e alguns amigos meus trabalhamos para uma empresa que só precisava começar a pagar o aluguel de seu novo computador depois que tivessem sido detectados os principais bugs (falhas).
A empresa poupou dinheiro, encarregando-nos de procurar maneiras de provocar uma quebra em seu sistema. Era superdivertido para nós.
Ficamos craques em descobrir os limites e as falhas do sistema, a ponto de aprendermos a linguagem de uma máquina tirada do lixo e estudarmos a fonte de seu sistema operacional.
Tivemos sorte de ser autorizados a fazer o "hacking", mas naquela época mesmo o "hacking" proibido provocava poucos problemas. Os vírus de computador, por exemplo, eram desconhecidos, pois não havia muitos micros -nem eles eram conectados em redes.
Hoje em dia, em função da natureza fortemente interligada do mundo, mesmo as brincadeiras supostamente "inofensivas" podem sobrecarregar um sistema, e os vírus e outras tentativas deliberadas de sabotar computadores são atos criminosos -e é assim que são tratados pelos tribunais.
Pergunta - Qual é sua política em relação aos "ovos de Páscoa" de créditos na tela de seus softwares? John Hvidlykke, Dinamarca (hvydlykke@cybernet.dk).
Resposta - Um "ovo de Páscoa" é um elemento escondido dentro de um programa de software. A maioria dos programas comerciais contém créditos ocultos com a lista dos nomes das pessoas que participaram na criação do produto.
Para conseguir que a tela mostre esses elementos, é preciso saber vários comandos pouco conhecidos, que não são documentados.
Para ver na tela os créditos da planilha "Microsoft Excel 95", por exemplo, é preciso selecionar a linha 95 em uma nova pasta de trabalho, pressionar a tecla Tab, escolher o comando Sobre Microsoft Excel no menu de Ajuda e pressionar as teclas Shift, Ctrl e Alt simultaneamente, ao mesmo tempo em que você clica no botão Tech Support (Suporte Técnico).
Com isso, você entra em um ambiente semelhante a uma sala, dentro do qual se pode navegar usando as quatro teclas de setas. Suba uma escada para ver as listas de créditos. Saia da escada e digite "excelkfa" para descortinar um caminho, em ziguezague, que leva às fotos de algumas das pessoas que criaram o software.
Cuidado. É difícil navegar pelo caminho sem cair. Essas instruções funcionam nas versões da planilha que estão em várias línguas, mas em alguns países o menu Ajuda é chamado de "?".
Para nós, não é incômodo incluir os créditos em um produto, desde que não gastem muito tempo de desenvolvimento do produto nem exijam recursos demais da máquina do consumidor.
O desenvolvimento de um software envolve muito trabalho, e as pessoas que o fazem se orgulham disso, portanto é compreensível que gostem de ver seus nomes creditados. Infelizmente, a lista de créditos nunca pode ser completa, porque um número muito grande de pessoas contribui para cada produto.
No endereço http://wordinfo.com, na World Wide Web, você encontra instruções ilustradas para encontrar os "ovos de Páscoa" de vários softwares.
Pergunta - Por que o "MS-DOS" utiliza a barra invertida ("\") como separadora nos nomes de caminho? Sam Nasr (sanasr@grail.cba. csuohio.edu)
Resposta - Os nomes de caminho e as barras invertidas foram introduzidos no "MS-DOS 2.0". De início, queríamos usar a barra normal ("/") como separadora dos nomes de caminho, porque era essa a convenção Unix. Mas, na versão original do "MS-DOS", já havíamos usado a barra normal para assinalar uma opção de linha de comando. Você acrescentava a barra e uma letra para modificar um comando digitado no sinal do DOS.
Por exemplo: quando usava o comando "dir" para pedir uma lista do conteúdo de um diretório, você acrescentava a barra normal e um "p" à linha de comando, se quisesse visualizar apenas uma tela por vez: "dir/p".
Como a barra normal já estava sendo usada para outra coisa, a segunda opção para funcionar como separadora de nomes de caminho foi a barra invertida.

Tradução de Clara Allain
Cartas para Bill Gates, datilografadas em inglês, devem ser enviadas à Folha, caderno Informática -al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, CEP 01202-900, São Paulo, SP- ou pelo fax (011) 223-1644.
E-mail: askbill@microsoft.com.

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