São Paulo, quarta-feira, 4 de dezembro de 1996
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Greve atinge 400 mil mineiros russos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cerca de 400 mil mineiros de carvão da Rússia começaram ontem uma greve nacional do setor, que reúne cerca de 750 mil trabalhadores. Eles estão sem receber salários há vários meses e pedem a saída do premiê Viktor Tchernomirdin.
"Não é uma reivindicação política. O sindicato quer que o governo saia porque é incapaz de garantir os direitos civis do povo e incapaz de pagar salários", disse o líder do Sindicato dos Mineiros de Carvão, Vitali Budko.
Segundo ele, "a demissão do governo não é nosso objetivo, é nosso grito de desespero".
O sindicato afirmou que 154 das 189 minas de carvão do país estão paradas. Algumas determinaram a suspensão das entregas por um ou dois dias. Em outras, a paralisação é por tempo indeterminado.
Segundo a agência "Interfax", Tchernomirdin iria até Kuzbass (Sibéria). A região é um dos principais focos do movimento grevista.
Os mineiros de carvão já haviam feito uma greve de dois dias em fevereiro deste ano. Eles voltaram ao trabalho depois de o presidente Boris Ieltsin ter prometido que os salários atrasados seriam pagos.
Os mineiros querem agora que o governo estabeleça um cronograma para o pagamento de salários atrasados e o cumpra. Alguns estão sem receber desde junho.
O Estado deve o equivalente a US$ 473 milhões em salários, US$ 273 milhões em subsídios e US$ 1,6 bilhão por carvão já entregue.
O principal motivo da dívida é o preço baixo cobrado pelos empresas locais que fornecem energia elétrica à população.
As autoridades locais, contrariando ordem do governo central de Moscou, continuam cobrando tarifas irrisórias pela eletricidade.
Por causa disso, as empresas estatais acabam não tendo dinheiro para pagar fornecedores de carvão. Com o inverno, a greve pode provocar uma crise energética no extremo leste do país.
Crise militar
O ministro da Defesa da Rússia, Igor Rodionov, adiou a visita que faria a partir de hoje aos EUA por causa da demissão do comandante das forças terrestres do Exército, general Vladimir Semionov.
A demissão de Semionov foi anunciada anteontem pelo Ministério da Defesa como uma resolução do Kremlin.
Pouco depois, a Presidência russa emitiu comunicado afirmando que Ieltsin havia concordado "em princípio" com a destituição, mas a decisão final será tomada por uma comissão militar do Kremlin.
Um porta-voz do governo disse que o general foi demitido por causa de "atividades incompatíveis com suas funções e que afetam a honra e a dignidade de um militar". Até agora, porém, nenhuma autoridade russa disse com clareza o motivo da saída de Semionov.

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