São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Secretário quer poder para fiscalizar coleta

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Obras e Vias Públicas de São Paulo, Reynaldo de Barros, propôs ao prefeito Paulo Maluf a criação de uma espécie de corregedoria para monitorar a ação dos fiscais das Administrações Regionais quanto ao serviço de coleta de lixo na cidade.
Barros acredita que só fiscalizando os fiscais, "que são muito propensos à corrupção", é que a cidade vai ficar mais limpa.
Segundo Barros, Maluf deve assinar, antes do término de seu mandato, decreto dando poderes à Limpurb (órgão subordinado a Barros) para fiscalizar os fiscais das regionais.
Recém-chegado de Miami (Estados Unidos), onde se recuperava de um problema cardíaco, Barros, durante encontro com o prefeito eleito (Celso Pitta), disparou críticas contra a varrição de lixo na cidade, que na sua opinião está muito suja, "imunda".
Munido de um dossiê com fotos das irregularidades na coleta e varrição de lixo, Barros procurou Maluf. Mostrou as fotos e pediu mais poderes ao prefeito para "resolver o problema".
Atualmente, o lixo de São Paulo obedece à seguinte estrutura: a Limpurb cuida da macrocoleta (dos aterros sanitários e da estratégia de rotas dos caminhões) e as Administrações Regionais da microcoleta (nas portas) e varrição.
O dossiê com as irregularidades foi elaborado pela Logos Engenharia no dia 21 de outubro e, por enquanto, apresentado apenas ao prefeito e à Folha. Barros nega que esteja divulgando o documento só agora para não atrapalhar a campanha de Celso Pitta à prefeitura.
Nas fotos, aparecem caminhões de coleta de lixo, cuja atribuição é fazer a coleta domiciliar, apanhando sacos em bares, restaurantes da cidade.
Aparecem ainda garis varrendo ruas, enchendo o carrinho de lixo e despejando novamente o lixo na rua para que fosse outra vez varrido, colocado no carrinho e despejado em nova rua.
Ou seja, os mesmos detritos são varridos duas ou três vezes por dia sem que os fiscais das Regionais notifiquem a infração.
"Eu gosto do Arthur (Alves Pinto). Ele pode estar pensando que estou dando porrada nele, mas não é isso não. Ele é um artista... O problema é que as regionais estão muito politizadas. Eu não quero coordenar as regionais. O que eu quero é poder para fiscalizar as regionais na coleta de lixo", disse Barros.
Procurado pela reportagem para comentar o dossiê, o secretário das Administrações Regionais, Arthur Alves Pinto, não retornou as ligações. O administrador regional da Sé, Victor David, afirmou que quem "precisa ser fiscalizado são os infratores que sujam a cidade, não os fiscais".

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