São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Zapatismo cria avanço, diz De la Madrid

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente mexicano Miguel de la Madrid reconhece que o Exército Zapatista de Libertação Nacional, movimento guerrilheiro que surgiu em 1994, contribuiu para avanços sociais em seu país.
Presidente entre 82 e 88, De la Madrid esteve esta semana no Brasil. Reuniu-se com empresários e com o ex-presidente José Sarney.
Leia trechos da entrevista.
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Folha - O sr. acredita que a globalização cause prejuízos à soberania de países subdesenvolvidos?
Miguel de la Madri - Uma maior relação econômica com o resto do mundo tem consequências políticas. Há assuntos que nos acostumamos a resolver somente olhando as condições internas. Com a globalização, temos também que ver as condições externas.
Há fenômenos globais que já não podem ser resolvidos exclusivamente pelos Estados nacionais. As relações comerciais e monetárias. A questão do meio ambiente. Não é possível resolver no âmbito estritamente nacional.
A questão do narcotráfico, que é um fenômeno da delinquência internacional. Não podemos tratar disso individualmente. O combate ao narcotráfico implica uma cooperação internacional. Mas não creio que o Estado nacional viva um processo de desaparecimento.
Folha - Como seria essa cooperação internacional para combater o narcotráfico?
Folha - Isso também serviria para combater o terrorismo, muito presente hoje no México?
Folha - No caso específico do México, como seria essa cooperação?
Folha - Por que existem esses focos de terrorismo hoje no México? Antes, quando a América Latina vivia experiências autoritárias, o México tinha estabilidade política, sem terrorismo. Hoje é o contrário.
O outro fator eu atribuo a grupos que sentem necessidade de se manifestar. O grupo terrorista mais destacado que há no México, que se chama Exército Popular Revolucionário, tem declarado que sua ideologia é marxista-leninista. Ou seja: são resíduos da época bipolar.
Atribuo também esses movimentos, como o de Chiapas, à influência de movimentos guerrilheiros da América Central, que por muito tempo existiram ali. Seus guerrilheiros possivelmente estejam agora influenciando os movimentos mexicanos.
Folha - O sr. acredita que movimentos guerrilheiros como o dos zapatistas, em Chiapas (sul do país), têm contribuído para alguma mudança social no México?

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