São Paulo, quinta-feira, 5 de dezembro de 1996
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Paris reforça o policiamento antiterror

BETINA BERNARDES
DE PARIS

Paris amanheceu ontem tomada por 1.000 militares e mais 400 policiais que se juntaram ao efetivo da cidade para ajudar na segurança. A mobilização é parte do plano Vigipirate, reativado após o atentado que matou duas pessoas e feriu 88.
As investigações policiais permitiram identificar a mistura explosiva usada. Uma grande quantidade de pólvora foi acondicionada em um botijão de gás de 13 kg, ligado a um detonador de pilhas elétricas.
O botijão foi colocado em um saco repleto de pregos. O saco ficou escondido sob um dos assentos do vagão do trem RER e explodiu na estação Port-Royal às 18h05 (15h05 em Brasília) de anteontem.
Esse tipo de bomba foi o mesmo usado no atentado que matou oito pessoas em julho de 1995 na estação Saint-Michel do RER (Rede Expressa Regional) e que foi reivindicado pela organização argelina GIA (Grupo Islâmico Armado).
O atentado de Port-Royal ainda não foi reivindicado, mas o primeiro-ministro Alain Juppé disse ontem que há "uma grande semelhança" entre esse e as "condições nas quais foram cometidos os atentados do verão de 95".
Em pronunciamento na Assembléia Nacional, Juppé afirmou que "todos os meios serão postos em prática para identificar e punir os culpados e proteger os cidadãos". Num raro momento de unanimidade, o primeiro-ministro foi aplaudido por toda a Assembléia.
O Comitê Interministerial de Luta contra o Terrorismo se reuniu para tratar do Vigipirate no país (veja quadro). Hoje, 1.800 militares devem ser mobilizados.
Aeroportos, estações de trens, metrô e pontos turísticos (como a torre Eiffel, arco do Triunfo, catedral de Notre-Dame, avenida Champs-Elysées e praça da Bastilha) foram alvos privilegiados pelo reforço militar.
Ministros e policiais pediram vigilância à população. Adesivos com os dizeres "Atentos, Juntos" foram distribuídos nas estações de trem e metrô. Latas de lixo foram retiradas ou lacradas.
Por causa de alarme falso uma loja de departamentos foi esvaziada. Alto-falantes das estações reproduziam a cada três minutos mensagem pedindo às pessoas para ficarem atentas a qualquer bolsa ou pacote suspeito deixado nos vagões ou plataformas.
"Estou mais atento, procuro ver se há alguma coisa suspeita nos bancos ou embaixo deles", diz o economista Paul Lebailly, 30.
Passageiros eram revistados pela polícia ou funcionários das estações. Nas grandes lojas, o movimento provocado pela proximidade do Natal não diminuiu, mas a vigilância aumentou.
Em cada porta havia policiais e seguranças com detectores de metais. Bolsas eram revistadas na entrada e na saída.

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