São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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Infraero simula acidente com Jumbo no aeroporto de Cumbica

Voluntários interpretam vítimas, e ketchup substitui sangue

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Infraero realizou ontem uma simulação de acidente aéreo no aeroporto de Cumbica, em São Paulo. O exercício envolveu 200 pessoas, entre voluntários, bombeiros, médicos e funcionários.
A simulação começou às 10h51, quando a Infraero foi "informada", por código sonoro (três "bips", sinal de alerta vermelho), de que um Jumbo 747-300, com 300 pessoas a bordo, sofrera uma pane hidráulica quando sobrevoava a região de Jundiaí.
Oito minutos depois, o avião pousaria de "barriga" em Cumbica , "em chamas".
Segundo o cronograma da simulação, 225 dos 300 passageiros e tripulantes morreram na hora. Havia 75 sobreviventes e 23 feridos -14 em estado gravíssimo. Soldados da Aeronáutica interpretaram o papel das vítimas.
Um deles, soldado David (o sobrenome não foi informado) teve insolação e foi levado a um pronto-socorro. Foi liberado à tarde.
Realismo
Os soldados voluntários levaram o exercício a sério. Quando o primeiro carro-pipa começou a jogar água sobre o avião "em chamas", havia várias vítimas estiradas sobre o solo, em volta do 747-300.
Gemendo e se contorcendo, perna direita dobrada sob o corpo, o soldado Luciano Oda, 18, berrava por socorro. "Minha perna! Cadê minha perna!", urrava para os voluntários de salvamento.
Oda simulava um passageiro que perdera a perna no acidente.
O soldado Deni Santos, 18, mantinha-se imóvel, também gemendo muito. Uma madeira amarrada com gaze ao seu braço, coberto de molho ketchup, simulava uma fratura exposta.
Alexandra Somodi, médica da Infraero há 11 anos, simulava aplicação de Dolantina -um derivado da morfina- nas vítimas.
O "caso" mais grave, segundo Somodi, era o da vítima Cleiton, 19, que sofrera fratura na coluna e lesão na medula. "Ele pode parar de respirar", disse a médica.
Dois helicópteros e um avião Bandeirante da Aeronáutica levavam vítimas a hospitais da região. Tudo foi cronometrado pela Infraero. O tempo total da operação foi uma hora e dois minutos. O tempo de resposta foi considerado "excelente" pela Infraero.

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