São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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Governantes trocam ironias

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Suspenso o fogo no morro Dona Marta, o tiroteio -agora verbal- passou a ser protagonizado por autoridades estaduais, que responderam com ironia às declarações do prefeito Cesar Maia (PFL).
Em relação à bala perdida que atingiu uma parede perto de seu gabinete, Maia chamou o secretário da Segurança Pública, Nilton Cerqueira, de incompetente e disse que gostaria de substituí-lo.
"Foi uma proposta de trabalho, vou estudá-la com muito carinho", afirmou o governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB).
"Como sabemos que ele é grande entendido em matéria de crimes, não vamos desprezar uma contribuição que poderá ser tão importante para resolver o problema de segurança do Rio."
Cerqueira não quis entrar em bate-boca, mas também recorreu à ironia. "Não é bala perdida, é bala achada", disse.
Ele divulgou números otimistas sobre a violência no Estado, que registrou, anteontem, nova queda no número de homicídios. Ao todo, foram 19 assassinatos.
O chefe da Polícia Civil, Hélio Luz, também respondeu ironicamente a Maia, que disse que, se fosse secretário de Segurança, o internaria em uma colônia hippie. "Melhor que colônia de maluco", disse Luz, referindo-se às piadas sobre a sanidade mental do prefeito que circulam na cidade.
O policial responsabilizou Maia por parte da criminalidade no Rio, criticando a prioridade dada pelo prefeito a obras públicas, como a de reforma urbanística de ruas, parte do projeto Rio-Cidade.
"As balas perdidas são disparadas por garotos de 12 a 17 anos, munidos de armas de guerra", afirmou. "Esses garotos foram menores abandonados, que são responsabilidade da prefeitura, do prefeito. O dinheiro que o prefeito aplicou nas obras da praça 15 e comprando poste torto poderia ter resolvido o problema do menor abandonado na cidade."
Luz disse que a bala foi disparada em um confronto entre traficantes do morro Dona Marta e policiais civis, que realizavam uma operação em busca de armas. "Vamos continuar subindo os morros para apreender armamentos, até que os países produtores de armamento tenham maior controle sobre suas vendas.
Ele lamentou o incidente e disse que pedia desculpas "ao prefeito e a todos os cidadãos" pelo incidente.

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