São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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Fronteiras caem com as 'migrações'

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A globalização do basquete caminha a todo vapor. Nos primórdios, era um simples esporte. Hoje, com a globalização, virou negócio multimilionário também.
É jogado tanto nos EUA como na China, faz sucesso na Grécia, em Cuba, em Israel, enfim, em praticamente todos os cantos.
Fulmina fronteiras e transforma os atletas em uma espécie de 'moeda'. Jogadores norte-americanos estão espalhados pelo mundo; russos jogam na China; de iugoslavos a africanos, nos EUA.
A modalidade surgiu em 1891, criada pelo canadense James Naismith em Springfield, Massachusetts, EUA.
Neste ano está completando 100 anos de profissionalismo -desde os primeiros registros em Trenton, New Jersey, EUA- e também o centenário da chegada da modalidade ao Brasil, no colégio Mackenzie, em São Paulo.
Essas datas motivaram a série de seis reportagens da Folha, iniciada domingo e que termina hoje.
A Federação Internacional de Basquete, fundada em 1932 por oito países, reúne hoje 201 filiados.
O modelo
O fenômeno do esporte é a NBA (National Basketball Association), liga profissional dos EUA, fundada há 50 anos, mas que é o espelho para as organizações do basquete.
Jogos da NBA são acompanhados pela televisão em 171 países.
Produto de um país onde questões raciais sempre foram polêmicas, até nesse aspecto a liga ultrapassou barreiras. No início, era constituída de maioria de jogadores brancos; hoje, 80 % são negros.
A entidade, que é modelo de modernismo tal o seu sucesso, movimenta US$ 4 bilhões/ano (10% fora dos EUA) em seus negócios.
Vende basquete e produtos com sua marca. O sucesso é tal que também entrou na área do cinema com a NBA Entertainment. Nos últimos 12 meses, gerou três filmes e cinco programas de TV.
O segundo esportista mais bem pago do mundo no último ano é Michael Jordan, estrela do Chicago Bulls da NBA, que embolsou US$ 52,6 milhões (o primeiro foi o pugilista Mike Tyson, com US$ 75 milhões).
O Brasil
No aspecto técnico do jogo, o Brasil desponta entre os melhores do mundo. Tem dois títulos mundiais no masculino e um no feminino, e três medalhas olímpicas de bronze no masculino e uma de prata no feminino.
No aspecto de organização, no entanto, não corresponde, embora esteja passando por nova experiência com o Campeonato Brasileiro (leia texto nesta página).
Pesquisa da Folha com 109 jogadores dos times paulistas, que formam a base do esporte no país, apontou que 64% têm o basquete como única fonte de renda, embora um número maior (81%) não considere o esporte profissional.
Na prática dos clubes, as contradições são mais explícitas.
Enquanto o Report/Mogi recebe investimento de R$ 2 milhões para a temporada, o Mirassol (e até o Corinthians Paulista, como denunciaram os jogadores) passam meses sem pagar aos seus atletas.
Feminino
Jogado predominantemente pelos homens, nas últimas décadas o basquete vem ganhando espaço entre as mulheres, que já representam um terço dos praticantes.
Essa fatia do mercado despertou o interesse da NBA, que prepara o lançamento em junho próximo da sua versão feminina (WNBA).
Trata-se de uma competição mais modesta, com oito times.
Antecipando-se ao projeto da NBA, uma outra liga, a ABL (American Basketball League) estreou em outubro último, também com oito times e a pivô brasileira Marta Sobral, integrante da equipe do Richmond Rage.

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