São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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Professor propõe mais cultura na USP

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Começou a ser discutida ontem no Conselho de Cultura da USP uma proposta para mudar a maneira como a Universidade de São Paulo influi na formação cultural de seus alunos.
Fruto das conclusões de uma pesquisa divulgada em maio deste ano, a proposta tem como ponto principal a inclusão de disciplinas como filosofia, literatura, cinema e música nos currículos mínimos de todos os cursos da USP.
A maneira como isso será feito, e as reais possibilidades de sua implantação, ainda estão indefinidas, segundo José Teixeira Coelho Netto, professor de política cultural da ECA (Escola de Comunicação e Artes) e responsável tanto pela pesquisa quanto pela proposta.
"No passado, a universidade era cultural. Hoje, temos cada vez mais uma universidade corporativa, que vê os alunos como clientes. A universidade produz informação, o que é bom, mas também tem que dar outra coisa, fazer o aluno utilizar a informação criativamente", afirmou Teixeira.
O professor acredita que a incursão dessas disciplinas possa fundamentalmente, "trazer sentido" para a vida dos alunos no campus. "Ninguém vai aprender história da arte, história da literatura. A idéia é que os professores escolham meia dúzia de livros, meia dúzia de filmes e discutam durante um ano com seus alunos", disse.
A pesquisa, realizada pelo Observatório de Políticas Culturais, mostrou que os alunos da USP saem da universidade menos interessados em práticas culturais do que quando entraram.
"O calouro vê um sentido utilitário na cultura. Ele precisa dela para passar no vestibular. É possível que a universidade faça ele perder essa visão, o que é muito bom, mas também ela não coloca nada no lugar".
Na tarde de ontem, a proposta de Coelho seria examinada pelo Conselho de Cultura. Formado por cerca de 40 pessoas, o conselho reúne um representante das 33 unidades da USP, dos museus, dos alunos e da reitoria.
O documento já obteve parecer favorável do relator, professor Antonio Aprígio Curvelo, e da Câmara de Cultura, que sugeriu ainda a inclusão da disciplina história como obrigatória.
Coelho acredita que a mudança requer algumas reformas administrativas, mas não implica alto custo. "Há pelo menos 25 professores de música, mais 25 de cinema e outros 15 de teatro. Muitos professores com os quais conversei, já se mostraram interessados", afirmou Teixeira.

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