São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996 |
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O clichê pode ser uma arte
INÁCIO ARAÚJO
James Belushi é um professor contestatário elevado a diretor de uma escola onde o aluno mais simpático é um "serial killer" em potencial. O que fará ele, com a ajuda de Louis Gossett Jr., é a questão. O filme de Christopher Cain começa por pulverizar a questão social (mas também racial e urbana) envolvida no caso, sem esvaziá-la inteiramente. Ato contínuo, faz um apelo à ordem e à disciplina, como fatores de regeneração. Porém não é qualquer um que comanda o processo. É um motoqueiro, um rebelde. Com isso, ordem e desordem, brancos e negros, já não fazem parte de um mundo irremediavelmente fraturado -como se poderia pensar. O que existe são almas desgarradas, à espera da orientação correta que as leve a ter uma atitude positiva diante da vida e a assumir os valores sociais, em lugar dos valores anti-sociais (próprios de gangues). É uma visão cor-de-rosa por excelência, não há dúvida. Mas admita-se que Hollywood consegue manejar com desenvoltura a arte do clichê. Não é apenas uma questão de habilidade. É que o cinema exerce, nos EUA, o mesmo papel da TV no Brasil: não está lá para registrar a realidade, mas para ajambrar as muitas forças de uma sociedade complexa. Ao menos era assim em 1987, quando "Um Diretor" foi realizado. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Mudanças; Vale ver de novo; Papai Noel magro Índice |
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