São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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Mulher vai liderar diplomacia dos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, anunciou ontem a equipe de segurança nacional de seu segundo governo. Ela inclui a primeira mulher a liderar a diplomacia norte-americana e um representante do partido de oposição.
Madeleine Albright, 59, atual embaixadora dos EUA junto à ONU, foi nomeada secretária de Estado do país. William Cohen, 56, senador do Partido Republicano pelo Estado de Maine, foi indicado como secretário da Defesa.
Os dois precisam de aprovação do Senado para serem confirmados nos cargos. Não se espera problema em nenhum dos dois casos.
O atual assessor de segurança nacional da Presidência, Anthony Lake, foi escolhido para dirigir a agência central de inteligência dos EUA (CIA). Lake, 57, também precisa de confirmação do Senado. Para o seu lugar como assessor, foi escalado Sandy Berger, 51, que é o atual segundo de Lake.
O quinto integrante da equipe de segurança nacional do país vai ser mantido: o general John Shalikashvili, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.
Os secretários de Estado, Warren Cristopher, e da Defesa, William Perry, se demitiram logo após a reeleição de Clinton, há um mês. O diretor da CIA, John Deutch, tem enfrentado diversos problemas em sua agência, entre eles dois casos de espiões em dois anos. Mas ele ainda pode continuar no governo como secretário dos Transportes.
Clinton disse que as escolhas de Albright e de Cohen não se deveram aos fatos de uma ser mulher e outro um integrante da oposição. Em rápida entrevista após o anúncio dos nomes, o presidente afirmou que tinha o desejo de indicar a primeira mulher para o Departamento de Estado e de ter um republicano no governo, mas que Albright e Cohen ganharam os cargos por seus próprios méritos.
Desde Nixon
O mais recente caso de um oposicionista ser indicado para um cargo ministerial nos EUA ocorreu no governo de Richard Nixon, que escolheu o democrata John Connaly para o Departamento do Tesouro. O último democrata antes de Clinton a nomear alguém da oposição para o governo foi John Kennedy, que colocou os republicanos Douglas Dillon no Tesouro e Robert McNamara na Defesa.
Cohen não concorreu à reeleição este ano, após três mandatos como senador. Ele foi um dos parlamentares republicanos que votaram a favor do impeachment de Richard Nixon em 1974 e teve papel importante na CPI do caso Irã-Contras no governo de Ronald Reagan. Ele é poeta e escreve livros de ficção com tema de espionagem.
Lake era um professor de relações internacionais numa pequena faculdade no Estado de Massachusetts antes de ser chamado para trabalhar com Clinton na Casa Branca. Berger ganhou o respeito do presidente ao substituir Lake em várias ocasiões como assessor de segurança nacional.

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