São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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África articula candidatura à ONU

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Países africanos devem apresentar até o início da semana que vem candidatos ao posto de secretário-geral da ONU. O secretário-geral da entidade, o egípcio Boutros Boutros-Ghali, anunciou ontem a "suspensão temporária" de sua candidatura à reeleição.
Tradicionalmente, o secretário-geral ocupa o posto por dois mandatos, mas o nome de Boutros-Ghali foi vetado pelos Estados Unidos durante votação do Conselho de Segurança, em 18 de novembro.
Ele recebeu o apoio de 14 dos 15 países do organismo da ONU. O veto norte-americano provocou um impasse no processo sucessório da ONU. Na época, o secretário-geral decidiu manter sua candidatura. O mandato termina em 31 de dezembro.
A decisão de Boutros-Ghali abriu caminho para que outros países africanos apresentem, sem constrangimento, candidatos à sucessão, evitando que o posto seja ocupado por um representante de outro continente.
Um dos elementos que pode esclarecer mais o panorama sucessório nas Nações Unidas é a reunião franco-africana, iniciada ontem em Burkina Fasso.
A França, que, como membro permanente do Conselho de Segurança, tem poder de veto, quer que a Secretaria-Geral seja ocupada por um falante de francês nos próximos cinco anos.
O presidente da França, Jacques Chirac, participa da reunião em Burkina Fasso, de onde pode sair um nome consensual africano para a chefia da ONU.
Três países africanos já entraram em contato com o presidente do Conselho de Segurança, o embaixador italiano Paolo Fulci, para apresentar postulantes ao cargo.
Até agora, os pré-candidatos são o ganês Kofi Annan, responsável pelas operações de paz da ONU, Amara Essy, chanceler da Costa do Marfim, e Amid Algabid, de Níger, secretário-geral da Organização da Conferência Islâmica.
Segundo o jornal "The New York Times", a embaixadora dos EUA na ONU, Madeleine Albright, chegou a fazer uma oferta a Boutros-Ghali para que ele retirasse sua candidatura.
Ele receberia em troca a direção de uma fundação em Genebra e o título de "secretário-geral emérito". Segundo o jornal, a oferta foi recusada.
Apesar de ele afirmar que "continua sendo candidato", diplomatas acreditam que a decisão anunciada por Boutros-Ghali seja uma maneira de ele se retirar elegantemente da disputa, já que Washington se opõe também à formula de extensão de seu mandato por mais dois anos.

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