São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
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Presidente sérvio faz primeiras concessões

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, fez ontem as primeiras concessões aos manifestantes da oposição que realizaram ontem o 18º dia de protestos consecutivos na capital, Belgrado.
As manifestações de ontem, que bateram novo recorde, reuniram 150 mil pessoas em Belgrado e 25 mil em Nis.
Na capital, os manifestantes carregaram um boneco com o rosto do presidente Milosevic vestido de presidiário.
A comissão eleitoral de Belgrado pediu à Suprema Corte que analise as alegações dos oposicionistas de que venceram as eleições municipais de 17 de novembro.
O Partido Socialista, de Milosevic, chegou a admitir a derrota no pleito, mas o resultado foi suprimido por causa de "irregularidades não especificadas".
Em outro sinal de que está cedendo à pressão, Milosevic aceitou a suposta "renúncia" do líder socialista da cidade de Nis (sul).
Denúncias de fraude na localidade desencadearam os primeiros protestos da oposição.
Jornais de Belgrado também noticiaram a saída do Ministro da Informação, Aleksander Tijanic, uma das figuras-chave do gabinete de Milosevic.
Espera-se que outros membros do governo e do Partido Socialista sejam afastados, na tentativa de aplacar os ânimos dos manifestantes.
Rádio
A rádio independente B-92, que havia sido tirada do ar pelas autoridades por noticiar os protestos, voltou a transmitir a programação ontem. Outra rádio que teve seus transmissores desligados, a Index, também voltou a funcionar.
A suspensão das transmissões das rádios gerou protestos do governo norte-americano.
A TV estatal da Sérvia, que tem ignorado os protestos no país, afirmou em seu noticiário noturno que a interrupção das transmissões da B-92 foi causada por uma infiltração de água no cabo da antena da emissora.
Líderes da coalizão Zajedno (que em servo-croata quer dizer "unidos") disseram que o expurgo de oficiais do Partido Socialista mostra que Milosevic está com sérios problemas.
Eles disseram que as manifestações vão continuar até que a vitória eleitoral da oposição seja reconhecida.
Vesna Pesic, líder da Aliança Cívica, disse que as concessões feitas até agora por Milosevic não vão satisfazer a população.
"Nossa economia está destruída, e nosso padrão de vida continua caindo. Há um acúmulo de insatisfação", afirmou.
A principal preocupação do governo é de que os protestos ganhem a adesão de trabalhadores, que reivindicam melhores salários.

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