São Paulo, sexta-feira, 6 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PROMESSAS DE CAMPANHA

Começou a corrida aberta pelas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Depois do anúncio de vários candidatos, é natural que eles se dirijam ao seu eleitorado para mostrar por que se consideram mais bem preparados do que seus concorrentes para assumir as posições que almejam.
Debates envolvendo os pleiteantes são também positivos. Representam oportunidades em que os parlamentares deveriam aferir e comparar as propostas que os candidatos têm para a Casa legislativa em que trabalham. Nesse sentido, nada mais decepcionante do que verificar que candidatos à presidência da Câmara desperdiçam boa parte do tempo de um debate com várias promessas relativas às mais mesquinhas reivindicações de seus colegas.
Melhores condições materiais de trabalho, mais verbas para seus gabinetes e -o mais "importante"- melhores salários. Com tais ofertas, os candidatos Michel Temer (PMDB-SP), Prisco Viana (PPB-BA) e Wilson Campos (PSDB-PE) mostraram, durante debate na última terça-feira, que presentes aos deputados deverão ser tópico preponderante nas "tarefas" que antecedem a escolha do novo presidente.
O candidato peemedebista qualificou de "insuficiente" o salário de R$ 8.000 oferecido a cada deputado. Afirmou que o valor tem de ser elevado, sinalizando que tal medida poderia ser tomada com o remanejamento de verbas já existentes.
Enquanto isso, a discussão de problemas como subordinação dos parlamentares à excessiva edição de medidas provisórias pelo Executivo ou a lentidão na tramitação de projetos que tratam de temais vitais para o país não tem lugar no que deveria ser um momento de auto-análise por parte do Congresso Nacional.
Tais procedimentos só servem para confirmar o mau juízo que a sociedade faz do Legislativo, o que é extremamente prejudicial para a democracia. Mas, quanto a isso, ainda não há esperanças à vista.

Texto Anterior: FLEXIBILIZAÇÃO
Próximo Texto: Deixa estar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.