São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Bala perdida mata corretora em SP

ROGERIO SCHLEGEL e MARCELO OLIVEIRA

ROGERIO SCHLEGEL; MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Disparos em um dos pontos mais movimentados da cidade deixam uma pessoa ferida e atingem 2 veículos

A corretora de imóveis Laís Helena Tavares Aranha, 31, morreu ontem em São Paulo, após ser atingida por uma bala perdida no cruzamento das avenidas Rebouças e Brasil (zona oeste), um dos cruzamentos mais movimentados da cidade.
Até o início da noite, a polícia acreditava que a bala tivesse partido de uma dupla de ladrões que faziam um assalto no Bradesco daquela esquina.
Mas o delegado Ulisses Augusto Pascolati, do 14º distrito policial, que apura o caso, não descarta a possibilidade de os assaltados terem reagido à bala e, eventualmente, acertado a corretora.
Além de Laís Aranha, outro transeunte -o vendedor Gregório Rocha Soares, 52- e pelos menos um Omega e um ônibus foram atingidos por balas do assalto.
Assalto no banco
O crime começou por volta das 13h, quando Fernando Carlos dos Santos e Wanderlei Augusto Fonseca, funcionários da empresa Pilz Engenharia, saíam do banco com R$ 48.751.
Segundo seu relato à polícia, dois homens que estavam em uma moto vermelha e branca, do lado de fora do banco, anunciaram o assalto. Fonseca e Santos -que é sargento da PM e faz bico na Pilz- disseram que não estavam armados, não reagiram e entregaram o dinheiro aos assaltantes.
Mesmo assim, os ladrões teriam disparado. "Gratuitamente, segundo contaram", disse o delegado Pascolati.
O motorista Genésio Gomes da Silva, que dirigia um ônibus parado no cruzamento que foi atingido por duas balas, disse à Folha que ouviu pelo menos dez disparos. "Eu fiquei abaixado e não vi nada, mas pelo barulho foi um tiroteio."
Ontem, o delegado pretendia voltar a tomar depoimento dos dois assaltados e esperava que as balas encontradas no corpo da vítima e nos veículos pudessem esclarecer quem deu os tiros.
Filho de 8 anos
A corretora Laís Aranha foi socorrida no Hospital das Clínicas (HC), mas não resistiu ao tiro, que acertou a nuca.
Ela era casada com o também corretor Márcio Roberto Cruz Aranha, 43, e mãe do menino Felipe, de 8. Seu marido esteve ontem no IML (Instituto Médico Legal), mas não quis dar entrevistas.
Laís Aranha trabalhava há três meses na imobiliária Camargo Dias e, ontem, segundo relato de colegas, tinha ido ao banco pagar um seguro-saúde.
Ela morava na rua Thomaz Carvalhal, na Vila Mariana. Sua morte chocou a assistente de direção Regina Célia Tavares Lauriano, 41, sua amiga pessoal e vizinha de bairro: "Não tenho o que falar. Ela era muito boa e foi embora. Perdi uma grande amiga."
Até o início da noite de ontem, a família ainda não havia definido onde seria seu enterro.

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