São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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Mercados acionários caem em todo o mundo

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

Os mercados de ações caíram ontem em todo o mundo em reação à afirmação de que eles vivem uma "exuberância irracional", feita anteontem pelo presidente do Fed, o banco central dos Estados Unidos, Alan Greenspan.
As declarações de Greenspan foram interpretadas por investidores como uma indicação de que o Fed pode elevar as taxas de juros e, em consequência, reduzir a atração do mercado acionário.
Para analistas, sua afirmação também indica que ele considera que os preços das ações estão sobrevalorizados.
O mercado acionário nos Estados Unidos vem apresentando forte crescimento nos últimos meses.
Em novembro, ele cresceu 8,2%, a maior alta em um mês desde dezembro de 1991.
No dia 25 de novembro, o índice Dow Jones, que mede o movimento da bolsa de Nova York, subiu 76,03 pontos em um dia e ultrapassou a marca de 6.500 pontos, batendo um recorde histórico.
Reação
Os mercados asiáticos foram os primeiros a reagir às afirmações do presidente do Fed, seguidos pelos europeus.
Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones caiu 145 pontos nos primeiros 30 minutos do pregão, mas começou a se recuperar pouco depois. Quando o mercado fechou, o índice apresentava queda de 55,16 e estava em 6.381,95, uma reação considerada excepcional.
O índice Nikkei, que indica o movimento da Bolsa de Tóquio, perdeu 667.20 pontos, ou 3,19%, a maior queda registrada em único dia desde o início do ano.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng também teve a maior queda do ano durante o dia (4,8%), mas se recuperou antes do fechamento, quando atingiu baixa de 2,9%.
Na Europa, houve queda de 4% em Frankfurt, 4,51% em Paris e 4,16% em Londres.
Retração
Richard McCabe, analista de mercado da Merril Lynch, disse à Folha que as declarações de Greenspan apenas aceleram um movimento de retração do mercado que começou nesta semana.
Na quarta-feira, o Dow Jones teve queda de 79,01 pontos e fechou a 6.442,69 pontos.
Segundo ele, as ações devem continuar a cair em menor ritmo nas próximas duas ou três semanas. A partir do final de dezembro e em janeiro, McCabe acredita que o mercado voltará a subir.
O analista atribuiu a recuperação das ações a partir do final da manhã à divulgação do índice de emprego nos Estados Unidos.
Os dados mostraram que o desemprego cresceu, passando de 5,2% em outubro, para 5,4% no mês passado.
McCabe disse que havia expectativa de criação de 174 mil novos empregos em novembro. Os números divulgados ontem mostram que surgiram apenas 118 mil novos postos de trabalho.
Isso significa que a economia não está aquecida, o que afasta, pelo menos teoricamente, a hipótese de alta da taxa de juros.
Em São Paulo, o índice Bovespa chegou a cair 3% durante o dia, mas acabou se recuperando e fechou com queda de 1,06%. No Rio, a queda foi de 1,2%.

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