São Paulo, sábado, 7 de dezembro de 1996
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EUA punem garoto por mostrar a língua

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Shannen Free, 12, mostrou a língua para uma colega da mesma idade na escola Coweeman Junior, em Kelson, uma cidade de 11 mil habitantes em Washington, Costa Oeste dos Estados Unidos.
Por causa disso, ele foi suspenso por três dias. A diretora-assistente da escola, Lee Young, comunicou a suspensão à mãe de Shannen por meio de uma carta. "Shannen se engajou numa ação de língua consistente com a prática de cunilíngua" (ato de de aplicar a língua na vulva ou clitóris), explicou Young à mãe do garoto, Heidi Free.
"Eu não sabia que colocar a língua para fora queria dizer tudo isso" disse Shannen. "Pode ser tudo isso para eles, não para mim". Sua família pretende recorrer da decisão da escola.
A menina para quem Shannen mostrou a língua, que não quer ser identificada, afirmou estar "assustada" com a punição: "Suspenso por colocar a língua de fora? É um absurdo. Ele só estava brincando comigo".
Mas a mãe dela achou a medida apropriada: "O que este menino fez foi extremamente ofensivo. Quando minha filha mostrou o gesto, eu quase desmaiei".
A repórter Pattu Curry Jenkins, do jornal "The Longview Daily News", da cidade de Longview, nas proximidades de Kelson, disse ontem à Folha que as autoridades escolares de Kelson têm se recusado a comentar o assunto.
Mas admitem que essa não é a primeira vez que estudantes de primeiro grau são punidos com base no código de combate ao assédio sexual adotado em 1992 pelas escolas locais.
Em setembro passado, o menino Jonathan Prevette, 6, foi suspenso em Lexington, Carolina do Norte (Costa Leste), por ter dado um beijo no rosto de uma colega da primeira série de primeiro grau.
Em outubro, outro menino, de sete anos, foi suspenso em Nova York por ter roubado um beijo de uma colega de classe.
Autoridades escolares em diversos Estados justificam o rigor como forma de proteção contra processos de alunos ou ex-alunos que se dizem traumatizados por terem sido sexualmente assediados por colegas de escola.
Há casos recentes de juízes terem condenado escolas a pagarem indenizações de até US$ 1 milhão em ações por assédio sexual.

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