São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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'República' disputa Superliga feminina

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

As jogadoras do Tietê apelaram para o esquema de "república" para disputar a Superliga feminina de vôlei.
Sem patrocínio, a equipe foi montada às pressas, com atletas que participaram do Campeonato Paulista da primeira divisão.
Vai dividir seus jogos entre a cidades de Tietê (150 km a noroeste de São Paulo) e São Bernardo do Campo, para onde pretende se transferir em definitivo.
Em Tietê, as jogadoras ficam acomodadas numa chácara cedida por um empresário da cidade.
Além da rotina de treinos, seguem o esquema típico de uma "república": são responsáveis pela limpeza da casa, da lavagem dos uniformes e roupas.
Por falta de camas para todas, dormem em colchões espalhados nos três quartos da casa. Aproveitam a piscina para hidroginástica.
A prefeitura local cede a alimentação e uma cozinheira.
O "privilégio" de estar na elite do vôlei nacional também tem outro preço: aceitaram o acordo de somente receber salário caso a equipe consiga um patrocinador.
"Quando a gente entrou nessa, sabia que ia se submeter a tudo isso. É uma chance de aparecer", afirma a meio-de-rede Kátia, 21 anos e 1,92 m de altura.
"Aparecer" é a linha de raciocínio unânime adotada pelas jogadoras. Admitem, até mesmo, disputar todo o torneio de graça.
"Se for preciso, a gente faz o sacrifício", diz a atacante Gisliene.
Na estréia, diante do MRV/Minas, o time dispunha de apenas oito jogadoras, duas delas juvenis.
Somente na sexta-feira, a atacante Andréa se juntou à equipe, que hoje enfrentará o Mizuno/Uniban.
Lacuna
O Tietê estava ameaçado de não disputar o torneio por não dispor de recursos para manter um time.
Na temporada passada, com apoio de uma empresa de cartões de crédito, a equipe foi terceira colocada na Superliga e conquistou o Campeonato Sul-americano.
Washington Pinto, que foi supervisor do Tietê, se juntou ao técnico Dagoberto Camargo e propôs à prefeitura local montar o time.
Em troca, querem transferi-lo para São Bernardo do Campo.
"Foi uma forma de livrar o clube da suspensão de dois anos da Superliga", diz o secretário de Esportes José Geraldo Foltran.
Segundo informou a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), bastaria ao clube enviar uma carta antes do prazo final de inscrição para o torneio, informando que não iria disputá-lo. A vaga para a próxima temporada estaria garantida.

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