São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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O Vicenza

SÍLVIO LANCELLOTTI

Na sua coluna da última quinta-feira, o comandante Matinas Suzuki Jr., mister do time de juniores da Folha, me conclamou publicamente a explicar a liderança do Vicenza no Italiano 96/97.
Cabo-de-esquadra que sou, obedeço e analiso, embora os resultados da minha peroração talvez não sejam os esperados pelo meu "capo".
A presença, momentânea, do Vicenza no topo da tabela do certame da Bota é fruto diretíssimo do chamado "Efeito Bosman", que sacudiu o futebol na Europa. Consequência inevitável da desorganização que, da noite ao dia, desabou sobre o velho "Calcio", tão cioso dos seus regulamentos.
O Vicenza foi um clube constante na Série A entre 1955 e 1974, quando inclusive ostentou astros brasileiros como Americo Murolo, Angelo Sormani, Bruno Siciliano, Sidney Chinesinho e Venício de Menezes.
No percurso, o Vicenza ainda revelaria ao mundo um certo Paolo Rossi. Em 1975, o Vicenza desabou à Série B. Voltou à primeira divisão em 1977. Caiu, de novo, em 1979 -para ressuscitar, somente, em 1995.
Um clube hoje pobre, precariamente patrocinado pela Pal Zileri, uma outra confecção numa cidade de tecelões, o Vicenza tem, no seu elenco, apenas três estrangeiros (contra os sete do Milan): um meio-campista camaronês que nunca joga, Pier Wome, e dois uruguaios sem muita fama, o volante Guto Mendez e o atacante Marcelo Otero, 6 dos 20 tentos do time. Ainda, o seu treinador, Francesco Guidolin, jamais dirigiu um clube grande.
Em resumo: o Vicenza não mergulhou na onda ilusória do "Efeito Bosman" e não se encheu de importados pouco provados, como os Dugarry e os Reiziger que desnaturaram o caráter do Milan. O seu domínio não vai durar, até porque a Juventus, dois pontos atrás, jogou uma partida menos. O Vicenza, porém, serve de exemplo.

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