São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Cura pelo sol

DEBORAH GIANNINI

Helioterapia trata e previne doenças
"Lagartixar" ao sol pode ter mais funções do que apenas dourar o corpo. O mesmo sol que bronzeia e envelhece a pele, se tomado com os devidos cuidados (leia-se até as 10h ou após as 16h), também contribui na prevenção e na cura de doenças.
A helioterapia, tratamento com o uso do sol, é aplicada em doenças de pele, como vitiligo e psoríase, ósseo-metabólicas, como osteoporose e raquitismo, depressão e distúrbios do sono.
Enquanto alguns problemas de pele restringem e até proíbem a exposição ao sol, outros pedem a ajuda dos raios-ultravioleta. É o caso do vitiligo (doença do Michael Jackson), da dermatite seborréica (caspa), e da psoríase (vermelhidão e descamação da pele). Essas doenças aproveitam a ação antiinflamatória dos raios-ultravioleta na pele.
Na caspa, os raios diminuem a inflamação dos poros do couro cabeludo causada pelo aumento de produção da glândula sebácea.
Já no vitiligo, o ultravioleta estimula a produção dos melanócitos, células que fabricam os pigmentos, que param de funcionar com a doença, o que provoca o aparecimento das manchas brancas.
A exposição ao sol também irá refletir nos ossos. Isso porque toda vitamina D armazenada no corpo só será ativada com o raio-ultravioleta. "Não adianta comer cálcio sem a vitamina D, pois ele não será absorvido no organismo", diz a reumatologista Liliane Lewinski.
"A vitamina D fixa o cálcio no organismo, principalmente nos ossos", diz a nutricionista Tânia Rodrigues. Segundo ela, a vitamina D pode ser encontrada no leite, manteiga, peixes e óleo de fígado de bacalhau. "Tomar sol de 30 minutos a uma hora por dia já é suficiente para ativar a metabolização dessa vitamina."
Para quem sofre de osteoporose, a descalcificação dos ossos, caminhar pela manhã é o exercício mais recomendado. "Além do sol matinal, a caminhada é indicada para o fortalecimento ósseo e muscular", afirma Liliane.
O mesmo ocorre com o raquitismo, que atinge crianças em fase de formação do esqueleto. "É importante oferecer à criança a vitamina D", diz Liliane.
Depressão
O sol também está ligado ao fator emocional. Moradores de países do extremo norte, como a Escandinávia, sofrem com a chegada do inverno. "As noites muito longas e os dias curtos aumentam a incidência de depressão no inverno", diz o psiquiatra Márcio Bernec, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Segundo o psiquiatra, esse tipo de depressão é tratado com a exposição de luz artificial intensa, durante 30 minutos diários. Ele explica que o corpo tem ritmos que variam ao longo do dia. A luz interfere nesses ritmos, como o sono e a vigília. "A depressão está associada à quebra desses ritmos", explica Bernec.
O sol é ainda o regulador do relógio biológico do corpo. "Quando se chega pela manhã em um lugar com diferença de fuso, é indicado se expor ao sol por cerca de uma hora, para o corpo mudar de 'relógio'", diz o médico neurologista Flávio Aloe, especializado em distúrbios do sono. Segundo ele, os sintomas da insônia podem melhorar com o sol, que induzirá o organismo a perceber o horário de dormir e o de ficar acordado.

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