São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996 |
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Autores "matam" atores rebeldes
CRISTINA RIGITANO
"Ela não gostou do fim da personagem e sumiu das gravações. Fiz uma adaptação para não deixar o personagem do Marcelo Serrado sem final", diz Lombardi, que encarou o fato como "falta de profissionalismo" da atriz, apesar de já tê-la perdoado. Procurada pela Folha, Bianca não foi encontrada. Walter Negrão lembra que Ziembinski não gostou de ter morrido em "Cavalo de Aço". "A censura era rígida. Tive que mudar a novela três vezes. Já não tinha mais o que mudar e, para não cair a audiência, matei o vilão do Ziembinski. Ele ficou chateado, pois adorava o papel e estava muito bem. Conversamos e ele entendeu que era necessário." Aguinaldo Silva, autor de "O Outro", teve problemas para matar o personagem de José Lewgoy. O ator teria reclamado do final. "O Lewgoy sempre reclama de tudo. Mantenho distância dos atores. Assim, as reclamações nem chegam a mim." Para matar a personagem de Ítala Nandi, em "Pantanal", novela da Manchete, o autor Benedito Ruy Barbosa criou o sumiço do avião em que a personagem dela viajava. Para evitar possíveis rebeldias da atriz, a produção decidiu informá-la sobre a morte da personagem só depois dela gravar o embarque no avião. Os problemas pessoais da atriz Vera Fischer obrigaram o autor Gilberto Braga a mudar os rumos da novela "Pátria Minha". A personagem de Fischer -uma das protagonistas da trama- acabou morrendo queimada. A autora Ana Maria Moretzsohn deu férias a Roberto Bataglin, em "Lua Cheia de Amor". "Ele chegava atrasado, faltava às gravações. A produção queria tirá-lo. Criei um castiguinho: o personagem viajou e ele ficou fora de alguns capítulos." Bataglin diz que foi uma fase ruim e que, hoje, é um ex-rebelde. "Eu estava transportando os problemas pessoais para o trabalho, o que é um grande erro. O castigo até foi bom. Eu estava precisando de um tempo para me restabelecer e voltar bem. Mas acho que a direção deve conversar com o ator." Reclamações, atrasos e fugas não são novidades para os autores. Eles buscam alternativas para não ficar na mão dos atores. "Primeiro converso, para o ator poder se justificar ou mudar o comportamento. Se não resolver, diminuo o personagem. Se o ator altera o cronograma de gravação, atrapalha o meu trabalho e o rendimento dos outros atores", diz Lombardi. Texto Anterior: CARTAS Próximo Texto: Negrão ressuscita escravo 'duro' Índice |
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