São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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Leila e Eliakim deixam 'Aqui Agora' mais morno

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

As recentes modificações introduzidas pelo SBT no "Aqui Agora" pasteurizaram o programa. Leila Cordeiro e Eliakim Araújo conferem ao telejornal um ar oficial que contradiz a expectativa de quem que ver "a vida como ela é".
As transformações ocorreram em etapas. O cenário azulado, o ritmo lento do jingle, o fim do destaque a uma manchete "mundo cão" a cada intervalo, conferem ao programa um ar bem mais morno.
A transmissão de imagens feitas por cinegrafistas que acompanham a ação com a câmera na mão é uma marca que se mantém. A ênfase nos casos policiais também continua. Mas as matérias ficaram reduzidas a longas viagens em busca de atiradores, que finalmente escapam.
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A diluição do noticiário que marcou época no início dos anos 90 é ironizada pelo "190 Urgente", programa diário apresentado pela CNT às 19h.
O discurso da barbárie difundido diariamente pelo programa da CNT, faz o telejornal do SBT em seus áureos tempos parecer um primor de racionalidade. Diante do berro de Carlos massa, o "Ratinho", Gil Gomes parece um paladino dos direitos humanos, com sua voz carregada de entonações alinhavadas em torno de uma narrativa de suspense.
Os casos escabrosos de todo dia apresentados pelo "190 Urgente" servem para justificar a defesa da pena de morte, sempre em oposição "àqueles que se julgam mais esclarecidos". O pai que espancou a filha até a morte, o casal que quis provocar um aborto, ou o padre que defende o bom tratamento aos presos são todos como que linchados no vídeo.
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Diante da liberdade com que o discurso das trevas atua no noticiário, é curioso que o Juizado de Menores tenha implicado com a dose de violência de "Yuyu Hakusho", seriado japonês adquirido pela Rede Manchete.
O seriado é ruim porque é visualmente feio e tem roteiro pouco imaginativo. Os olhos arregalados dos personagens denunciam o desenho oriental formatado para correr o mundo. O cozido de referências místicas também.
O desenho lida com as desventuras de um moleque violento e malcriado, que pode sempre morrer, mas ressuscitar arrependido e se tornar um bom rapaz. É moralista como os truculentos "Cavaleiros do Zodíaco", ou "Troopers". São todos de mau gosto. Em matéria de violência, os últimos são mais ofensivos.

E-mail: ehamb@uol.com.br

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