São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Pareja é assassinado a tiros na prisão

LAURO VEIGA FILHO

LAURO VEIGA FILHO; WILLIAM FRANÇA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

Líder de rebelião de 159 horas em Goiás foi morto por presos de seu próprio grupo, diz direção de presídio

O assaltante e sequestrador Leonardo Pareja, 22, foi morto com sete ou oito tiros no início da manhã de ontem, no Cepaigo (Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás), em Aparecida de Goiânia (GO), a 20 km da capital do Estado.
Além de Pareja, também foram mortos os presidiários Veriano Manoel de Oliveira Filho, 23, e Grimar Rodrigues de Souza, 25. Ambos faziam parte da chamada "turma do Pareja", segundo a direção do Cepaigo.
Pareja ficou conhecido nacionalmente quando sequestrou, em 1995, a estudante Fernanda Viana, na Bahia. Voltou a ter destaque no final de março, quando liderou uma rebelião no Cepaigo, mantendo como reféns durante 159 horas a cúpula do Poder Judiciário do Estado e a diretoria do presídio.
Versão policial
Na versão da polícia e do diretor do presídio, coronel Vilmones Messias de Araújo, o assassino é o principal aliado de Pareja, Eduardo Rodrigues Siqueira, 25, condenado a 20 anos de reclusão. Siqueira é o único líder da rebelião de março no presídio ainda vivo.
O diretor do presídio afirmou que o conflito que dividiu o bando de Pareja em duas facções inimigas estourou na sexta-feira, quando agentes carcerários teriam descoberto um túnel em construção.
O túnel seria usado para a fuga dos cinco acusados pelos assassinatos. Pareja, segundo o diretor do Cepaigo, seria contra a fuga porque tinha planos de escapar da prisão no Natal ou no Ano Novo.
No sábado, um preso também ligado a Pareja teria sido surrado por ter denunciado a fuga, que deveria ocorrer no fim-de-semana.
A direção do presídio relatou que, às 7h de ontem, logo depois da abertura das celas para o café da manhã, os cinco suspeitos saíram atrás dos ex-companheiros.
O delegado Siron Avelar, que preside as investigações, não permitiu que os acusados fossem ouvidos pelos jornalistas.
Foram contadas ontem diferentes versões para detalhes dos crimes. Foi dito inicialmente que Veriano foi morto no pavilhão A, onde fica sua cela, e seu corpo teria sido levado à entrada do presídio.
Depois o coronel Araújo disse que Veriano, após ser esfaqueado, teria conseguido correr até o portão principal do presídio.
Para a morte de Pareja, a versão da polícia é que ele ouviu o amigo Veriano gritando e correu para ajudá-lo. No caminho, teria encontrado os homens do grupo hostil e tentado convencê-los a não matar Veriano. Os homens teriam então o atacado a tiros.

Colaborou William França, da Sucursal de Brasília

LEIA MAIS sobre a morte de Pareja nas págs. 4 e 5

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