São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acusado da Candelária quer indenização

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Três acusados pela chacina da Candelária vão processar o governo do Estado do Rio caso sejam absolvidos. Eles pedirão à Justiça indenizações por danos morais e materiais. Cada um avaliará sua indenização em US$ 3 milhões.
O julgamento dos três réus -Marcelo Ferreira Cortes, Cláudio Luiz Andrade dos Santos e Jurandir Gomes de França- começou às 14h30 de ontem no 2º Tribunal do Júri do Rio. A previsão é que termine hoje de manhã.
As defesas consideram certa a absolvição dos acusados, pois eles não são citados nas confissões dos condenados Marcos Vinícius Emmanuel e Nélson Cunha.
Se forem absolvidos, os advogados entrarão na Justiça com os pedidos de indenização, baseados na Constituição, que determina que erros judiciários têm de ser reparados pelo Estado.
"Não tenho dúvidas de que já ficou demonstrado que se trata de erro judiciário. Só posso esperar absolvições por 7 a 0, para que fique bem claro que esses homens jamais participaram da chacina", disse Ekel de Souza, advogado do tenente Cortes, da Polícia Militar.
US$ 3.000 por dia
Os advogados calculam a indenização a ser requerida em US$ 3.000 por dia de prisão. Os três ficaram presos dois anos e nove meses.
As prisões ocorreram dois dias após a chacina dos oito meninos de rua, na madrugada de 23 de julho de 1993. Os menores foram mortos a tiros nas imediações da igreja da Candelária e do Museu de Arte Moderna, no centro do Rio.
Os danos materiais se referem às perdas financeiras dos réus durante o período em que estiveram presos. Cortes deveria ter sido promovido a capitão há dois anos. França teve de fechar a oficina de serralheria que tinha em casa.
As perdas morais são de avaliação subjetiva.
"Se fosse nos EUA, pediria US$ 100 milhões. Como o Brasil é um país pobre, pedirei US$ 3 milhões. O fato é que o futuro desses homens está marcado. Eles tiveram os nomes emporcalhados no mundo inteiro", disse Souza.
Durante o julgamento, os acusados voltaram a negar envolvimento na matança dos menores de rua.
Cortes, 27, disse que participou do socorro aos três baleados perto do MAM, entre elas o sobrevivente Wagner dos Santos, que o apontou como envolvido no massacre.
Santos, 37, afirmou que dormia em casa no momento da chacina, após ter participado de um culto da Assembléia de Deus no Méier.
França, 30, disse que passeava pelo centro com o cunhado.
Os três foram presos após serem apontados à polícia por meninos que sobreviveram. A validade dos reconhecimentos foi questionado pelos réus e advogados.

Texto Anterior: Leitora pede asfalto para prefeitura
Próximo Texto: Amigos fazem culto dia 21
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.