São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Ministério Público queria transferência

FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público preparava a transferência de Leonardo Pareja para o presídio da Papuda, em Brasília, para preservar sua vida e a segurança interna no Cepaigo (Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás).
A informação é do procurador Haroldo Caetano da Silva, que deu entrevista ontem à tarde, à entrada do Cepaigo, em Aparecida de Goiânia (GO).
A atuação de Pareja durante a rebelião no presídio em março e as frequentes acusações do sequestrador à Polícia Civil do Estado, segundo o procurador, criaram um clima que ameaçava a integridade física de Pareja, trazendo insegurança aos presidiários.
"Toda vez que Pareja era ouvido por algum juiz, denunciava delegados e agentes policiais por corrupção, extorsão e maus-tratos", afirmou Silva.
Segundo ele, Pareja não concordou com a transferência -o que não impediu o Ministério Público de prosseguir as negociações com o Juizado de Execuções Penais de Brasília.
"O juiz já havia aprovado a mudança, mas não houve acerto em tempo hábil entre as secretarias da Segurança de Goiás e do Distrito Federal", disse o procurador.
O Ministério Público, segundo Silva, investiga a possibilidade de haver uma ligação entre as mortes dos líderes da rebelião. "Pode não ser coincidência", afirmou.
O juiz da Vara de Execuções Penais de Goiás, Wilton Müller Salomão, criticou a falta de segurança interna no Cepaigo. "Houve avanços nas áreas penal e administrativa. Mas a estrutura física do presídio continua a mesma. Não há isolamento entre as alas e os sistemas semi-aberto e fechado não têm separação", disse.
O juiz de execuções criminais do Distrito Federal, George Leite Lopes, disse ontem que foi consultado há dois meses por Salomão sobre a transferência de Pareja para o presídio da Papuda.
Leite afirmou que não recebeu pedido formal. "Eu não teria nada a opor se o pedido tivesse sido oficializado, pois entendo que os Poderes do DF e de Goiás têm de trabalhar articuladamente", afirmou.

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