São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Brasil é o que menos cresce em exportação

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA

Entre os 50 principais comerciantes do mundo todo, o Brasil foi o que menos aumentou suas exportações, mas ficou em segundo em crescimento de importações no ano passado.
É o que mostra o relatório anual de 1996 da OMC (Organização Mundial do Comércio), divulgado ontem em Cingapura.
As exportações brasileiras cresceram apenas 7% em 95, o único dos 50 principais comerciantes do mundo em que a porcentagem de crescimento é inferior a 10%.
Já as importações subiram 49%, atrás apenas da Turquia (53%).
Com esses resultados, o Brasil ficou em 26º lugar entre os maiores exportadores e em 23º entre os maiores importadores.
Mas a participação brasileira no comércio mundial continua insignificante, apesar da abertura da economia. Suas exportações são de apenas 0,9% do total mundial e só de 1% do que o mundo importa.
Pior que vizinhos
Também na comparação com seus vizinhos latino-americanos, de grau de desenvolvimento relativamente semelhante, o desempenho do Brasil no comércio exterior é semelhante: foi o país cujas importações mais cresceram e cujas exportações subiram menos.
Argentina e México, os dois outros grandes países latino-americanos, exportaram 34% e 31% a mais, respectivamente, sobre 94.
Na média de todo o subcontinente, as exportações aumentaram 22% -ou três vezes mais do que os 7% obtidos pelo Brasil.
Já em importações, o crescimento latino-americano, na média, foi de 11%, quatro vezes menos do que o do Brasil.
Tais números tendem a reforçar as inquietações com o desempenho da balança comercial brasileira, item que se tornou crítico após a crise mexicana de 1994, em parte causada pelo grande desequilíbrio comercial.
Pior que o mundo Os resultados do Brasil colidem, também, com o desempenho mundial de exportações. Em valor (e não em volume), o mundo todo exportou, em 1995, 19% mais do que no ano anterior.
Grande motor
Foi o maior crescimento desde 1979, claro reflexo do processo de abertura das economias em andamento desde então, acentuado após a chamada Rodada Uruguai (1986/94), a mais abrangente negociação sobre liberalização comercial jamais realizada.
Numa comparação de mais longo prazo (o conjunto dos anos 90), o Brasil se sai melhor: suas exportações cresceram à média anual de 8%, enquanto no mundo todo a média foi de 7,5% no período.
O comércio internacional vem sendo, nesta década, o grande motor de crescimento econômico, já que seu aumento supera, sistematicamente, o da produção de mercadorias.
Na média anual 90/95, a produção mundial de mercadorias aumentou apenas 1,5%, contra os 7,5% do comércio.
(CR)

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