São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996 |
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HBO exibe um documentário sobre Gil
LUIZ ANTÔNIO RYFF
"Ninguém completa 30 anos de carreira, em uma época de rapidez pós-moderna, impunemente", brinca o cantor. O mais recente produto é "Gilberto Gil - Especial 30 anos", uma co-produção do canal HBO com a Conspiração Filmes que tem 1h50 de duração e vai ao ar no dia 25 de dezembro, às 21h30. O documentário traça um roteiro sentimental de Gil. O que significa privilegiar determinadas passagens em detrimento de outras. O especial procura as raízes de Gil. O foco é na Bahia. "Tentamos não fazer um documentário explicativo, com narrador", diz Andrucha Wellington, que co-dirigiu o programa com Lula Buarque de Hollanda. "É um documentário para quem conhece a minha trajetória. Não é um documentário para iniciação escolar sobre o Gil. É um livro para pós-graduados", diz o cantor, rindo do exagero. Figura de retórica Produzido em película e sendo gestado durante ano e meio, o programa custou US$ 450 mil. No documentário, Gil acaba se definindo de forma irônica. "Sou uma figura de retórica." O filme leva o cantor para a rua, para perto do povo. Ele gira em torno da ida de Gil a Ituaçu, na Bahia, onde o cantor nasceu e onde ele não pisava havia 43 anos. "Esse lugar ocupa uma função mítica na minha vida", diz Gil, que afirma que as lembranças da infância o ajudaram a compor músicas como "Refazenda". "É a permanência do mundo rural dentro de mim." O filme é baseado em reminiscências do cantor e de pessoas que conviveram com ele -caso da mãe- ou que estudam a cultura baiana -caso do antropólogo francês Pierre Verger, que morreu no dia seguinte ao depoimento. Há espaço para o lado místico do cantor. Mesmo que, em certa passagem, Gil confesse que é religioso, mas não tem religião. A música de Gil serve de fio condutor para o documentário. Sozinho ou acompanhado, ele desfia suas composições. Quase tudo tem sabor de improvisação. Há participações de Carlinhos Brown, de Stevie Wonder ("Desafinado") e de Caetano Veloso ("Back in Bahia" e "Cores Vivas"). A fonte criativa de Gil tem papel de destaque. O que serve de oportunidade para Jorge Amado ironizar um dito folclórico. "Dizem que nós (baianos) somos preguiçosos. Se somos é ótimo. Essa nossa preguiça é tão criadora." Texto Anterior: Os CDs mais vendidos da semana Próximo Texto: W/Brasil comemora 10 anos com shows Índice |
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