São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Estudantes sérvios fazem maior ato

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Jovens sérvios fizeram ontem o maior protesto estudantil contra o presidente Slobodan Milosevic e acusaram a polícia de ter espancado um manifestante.
Mais de 40 mil estudantes se reuniram no centro de Belgrado na manhã de ontem para protestar contra o cancelamento das eleições municipais de 17 de novembro, vencidas pela oposição.
Os estudantes vaiaram quando passaram em frente à sede da polícia. Eles reclamavam do trato dado a Dejan Bulatovic, 21, da cidade de Sid (nordeste), que foi preso na sexta-feira passada por carregar um boneco do presidente Milosevic com roupa de prisioneiro.
Segundo a mãe de Bulatovic, ele teve o nariz quebrado e foi forçado a ficar nu no chão de uma cela com a janela aberta, apesar do frio.
Os estudantes pediram que Bulatovic fosse retirado da prisão e levado a um hospital e que os responsáveis por seu suposto espancamento fossem punidos.
A rádio independente B-92 disse que Bulatovic foi condenado a 25 dias de prisão por "causar distúrbios à ordem pública".
Em Bruxelas, o secretário de Estado demissionário dos EUA, Warren Christopher, pediu a Slobodan Milosevic que comece a negociar com seus opositores.
"Acho que é único caminho prudente para ele. Espero ainda que haja uma ação unificada por parte dos membros da Otan (a aliança militar ocidental) em respostas aos meus comentários."
A Otan deu ontem aprovação para a nova força que deve garantir a paz na vizinha Bósnia. A nova força deve ter 30 mil homens (metade da anterior) e deve receber aprovação final entre hoje e amanhã em uma reunião dos ministros das Relações Exteriores da aliança.
Cancelamento
Os Estados Unidos cancelaram ontem um encontro entre o presidente Milosevic e o secretário-assistente de Estado John Kornblum, previsto para esta semana.
Segundo autoridades americanas, a reunião foi cancelada para pressionar Milosevic a não "agir antidemocraticamente".
Um sinal de que a situação de Milosevic é crítica, segundo analistas, é o fato de que sua mulher, Mira, deixou de publicar sua coluna mensal na revista "Duga".
A coluna é considerada um "oráculo" sobre o presidente.
No sábado, Milosevic rasgou um documento sobre a liberdade de imprensa entregue a ele pela jornalista americana Kati Marton, segundo relato dela.
Depois, acabou assinando um documento improvisado em que "respaldava a liberdade de imprensa".

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