São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Organização social

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Semana passada, quando Sergio Amaral, porta-voz e secretário de Comunicação, anunciou na Bandeirantes as 300 "demissões" na TVE, a emissora federal, era só o começo.
Entre o início deste ano e o início do ano que vem, a Fundação Roquette Pinto, da TVE, terá baixado de 2.400 para 1.200 funcionários.
É a "desestatização", na expressão do presidente da fundação, ou a "publicização", como prefere o ministro da Administração. De maneira geral, é a "reestruturação", no dizer do porta-voz.
A maior parte dos 1.200 funcionários que saem do órgão -que vai deixar de existir, ganhando outro nome, possivelmente Organização Social Roquette Pinto- é de professores da afiliada do Maranhão.
São 700 ao todo, que seguem trabalhando nas salas de aula maranhenses, recebendo salário do governo federal, como queria José Sarney, mas agora em quadro ameaçador.
"Eles ficarão num corpo em extinção" é o que diz Sergio Amaral sobre o futuro do grupo, no Ministério da Administração.
A TVE é um dos primeiros campos de experiência da "organização social", a figura imaginada pelo ministro da Administração, objeto de medida provisória em duas semanas.
Além de "contratar e demitir sem os vínculos que uma entidade pública tem", vai trazer uma semiprivatização na própria gestão dos órgãos, que passam a ser dirigidos em conjunto com representantes da sociedade civil.
Os modelos formais são a PBS americana e a Cultura paulista, mas o objetivo é mesmo cortar custos. E a "reestruturação" está só começando. Com a mesma Cultura, segue a negociação para ajustar a grade de programação. Enfim, para repetir programas.
"Não faz sentido ter duas redes de televisão pública competindo entre si" é o que diz Sergio Amaral.
*
Cortar custos não é diminuir, pelo contrário, a presença na televisão. A "Organização Social Roquette Pinto", além das TVEs do Rio e do Maranhão, vai incorporar a TV Nacional de Brasília, que era da Radiobrás.
E a Radiobrás, também federal, abre canal próprio. Sem nome divulgado, vai seguir a trilha da TV Senado, não por acaso, criada por José Sarney, presidente do Congresso.
*
Leonardo Pareja provoca até depois de morto. A manchete enraivecida do Jornal da Record, seguida com comedimento nos demais telejornais:
- Uma afronta à pátria: o corpo do bandido Leonardo Pareja é coberto com a bandeira do Brasil.

Texto Anterior: Fleury teve sobra de R$ 823 mi
Próximo Texto: Senado aprova pedidos sem o aval do BC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.