São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Medo do pré-datado estimula cartão

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio começa a dar preferência às compras pagas com cartão de crédito, para escapar da alta inadimplência nos cheques pré-datados.
Alguns lojistas estão estimulando o uso do cartão ao parcelar a compra do cliente em até três vezes sem cobrar juros, oferecer descontos de 5% e ainda segurar a fatura por 10 ou 15 dias.
As taxas cobradas pelas administradoras -entre 4% e 5%, em média- não agradam, dizem eles, mas a preferência pelo cartão se deve sobretudo ao crescimento da emissão de cheques sem fundos.
Só em novembro, esse número bateu em 1,07 milhão, 17,6% acima do mesmo mês de 1995.
A D.B. Brinquedos já estimula a clientela a utilizar o cartão ao parcelar a compra do cliente em até três vezes -sem cobrar juros.
"E o consumidor só paga a primeira parcela no vencimento do cartão", diz Eduardo Armando, diretor.
O pagamento com cartão, conta, representa quase 80% do faturamento da D.B., que começou a incentivar o seu uso, ainda que timidamente, em setembro.
O cheque pré-datado -para 60 dias-, que há poucos meses participava com 50% da receita da rede de 34 lojas, detém agora menos de 20%. A venda à vista é pouco representativa.
Ele conta que o medo da inadimplência fez a empresa optar pelo estímulo ao uso do cartão, "que é mais prático -o parcelamento é feito no caixa-, fácil de controlar -as contas do cliente vencem no mesmo dia- e tem risco zero -ou seja, quem arca com a inadimplência é a administradora."
A Corpo Astral, especializada em moda feminina localizada em três shoppings -Penha, Osasco Plaza e Mogi-, já oferece desconto de 5% nas compras pagas com cartão.
Ricardo Estephan, sócio-proprietário, diz que a inadimplência nas suas lojas deu um salto. Hoje, gira em torno de 5% a 6% do faturamento com cheques. Há um ano, era da ordem de 2%.
Assim como a D.B., a Corpo Astral também parcela em até três vezes, sem cobrar juros, o pagamento com cartão, que participa com 30% da receita da rede.
Estephan diz que, para conceder essa vantagem ao consumidor, negociou com algumas administradoras taxas um pouco mais altas.
O cheque pré-datado, diz ele, continua sendo uma rotina. Representa 55% da receita da loja. Na sua análise, entretanto, o uso do cartão deslancha na virada do ano.
Outros lojistas consultados pela Folha lembram que o que estimula o uso do cartão é o fato de as empresas de "factoring" estarem cobrando juros altos -entre 5% e 6%- para descontar os cheques.

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