São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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O homem é seu monstro

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Mesmo o mais contumaz desafeto de David Cronenberg há de reconhecer, ao menos, a virtude da originalidade em "Videodrome - A Síndrome do Vídeo" (Telecine, 20h).
E essa estranha evolução que faz o homem, em dado momento, ver o próprio cérebro transformado em uma espécie de tubo de TV? Ou ainda a possibilidade de vermos, a horas tantas, o sujeito enfiar uma fita de vídeo na própria barriga?
Tudo a estranhar, exceto por Cronenberg e Marshall MacLuhan, o teórico da era da TV, serem ambos canadenses. Ou por McLuhan enxergar melhor do que ninguém os meios como extensões do homem. Ou ainda por Cronenberg ver no interior do homem (e em seu próprio cérebro) as mutações que, até então, o cinema fantástico propunha como vindos do exterior.
O que tem de desconcertante, "Videodrome" tem de cerebral: a observação de um homem que força seus limites até produzir uma monstruosidade que não é outra senão ele mesmo.
(IA)

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