São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Trabalhadores sérvios aderem a protesto

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Líderes sindicais da Sérvia disseram ontem que pelo menos 10 mil trabalhadores aderiram ao protesto estudantil contra a anulação do resultado de eleições que a oposição afirma ter vencido.
Os protestos entraram ontem no 24º dia, com mais de 30 mil pessoas nas ruas de Belgrado.
Um dirigente sindical independente afirmou que os operários estão participando dos protestos de maneira discreta.
"Eles estão com medo de participar porque dizem que seus chefes vão reconhecê-los e serão despedidos", afirmou.
Ontem estava previsto o início de greves em Belgrado e nas cidades industriais de Nis (sul) e Kragujevac (centro do país).
As possibilidades legais para contestar a vitória do Partido Socialista, do presidente Slobodan Milosevic, se encerraram anteontem com a recusa do Tribunal Federal iugoslavo em considerar a coalizão oposicionista Zajedno (Unidos) a vencedora.
Os socialistas chegaram a admitir a derrota no pleito de 17 de novembro, em Belgrado e outras cidades importantes. Mas o resultado foi anulado por causa de "irregularidades" não especificadas.
Clinton
O presidente dos EUA, Bill Clinton, fez anteontem sua primeira manifestação pública de apoio aos protestos oposicionistas na Sérvia.
"As eleições deveriam ser respeitadas, e a voz do povo deveria ser entendida", afirmou.
O secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, disse ontem em Bruxelas que a "atitude repressiva e antidemocrática" de Milosevic significa que ele está "virando as costas para a oportunidade de se juntar ao Ocidente".
Campanha
Milosevic está usando mensagens nacionalistas para tentar esvaziar os protestos da oposição.
Jornais nacionalistas ligados ao governo disseram ontem que as manifestações da oposição estão sendo financiadas por narcotraficantes albaneses.
A imprensa governista diz também que os EUA estão tentando debilitar o regime sérvio para favorecer seus interesses.
A líder dos sérvios da Bósnia, Biljana Plavsic, se manifestou em favor do movimento dos estudantes sérvios.
Os sérvios da Bósnia foram apoiados por Milosevic durante os três anos e meio de conflito na ex-Iugoslávia.
Suas relações com o presidente da Sérvia estão abaladas desde que ele assinou, em nome deles, o acordo de paz de Dayton, que encerrou o conflito há um ano.

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