São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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"Corisco e Dadá" é premiado em Cuba

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A HAVANA E DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

"Profundo Carmesi", do mexicano Arturo Ripstein, foi o grande vencedor no 18º Festival Internacional de Havana, cujos resultados foram divulgados ontem.
O brasileiro "Corisco e Dadá", de Rosemberg Cariry, conquistou o terceiro lugar do Prêmio Coral -o principal da mostra. Em segundo, ficou o peruano "Bajo la Piel", de Francisco Lombardi.
Uma parte da recente geração de realizadores brasileiros ficou de fora na corrida pelo prêmio principal.
A razão não foi falta de qualidade -pelo contrário. O motivo foi mais prosaico: simplesmente não chegaram a Havana as cópias dos filmes de Tata Amaral ("Um Céu de Estrelas"), Monique Gardenberg ("Jenipapo") e Goulart, Cecílio Neto, Torero e Furtado ("Felicidade É").
O Brasil teve, assim, sua participação na disputa mais importante reduzida de dez para sete filmes.
A produção brasileira conquistou alguns prêmios secundários. Cassiano Carneiro, de "Quem Matou Pixote?", venceu como melhor ator. Marília Pera, de "Tieta", como atriz coadjuvante.
Severino Dadá chegou ao prêmio de montagem por "O Lado Certo da Vida Errada" -também vencedor do Prêmio Coral de estreante- e "Corisco e Dadá".
"Caligrama", de Eliane Caffé, venceu o Prêmio Coral de melhor trabalho experimental, e "Estrela de Oito Pontas", de Fernando Marsillac, o primeiro prêmio em animação.
Cariry
Em Salvador, o cineasta cearense Rosemberg Cariry, 43, disse que o terceiro lugar conquistado por seu filme "Corisco e Dadá" no festival representa um reconhecimento à "descentralização" do cinema brasileiro. "Estamos conseguindo fazer bons filmes fora do eixo Rio-São Paulo", disse o cineasta.
"Corisco e Dadá" teve um orçamento de R$ 500 mil e demorou um ano e meio para ser concluído.
"O prêmio conquistado demonstra a importância do resgate da história do cangaço, que pertence a todo o povo brasileiro e não apenas ao nordestino."
No final do mês passado, o filme teve sua exibição ameaçada por uma decisão da Justiça baiana. A liminar que suspendeu o filme foi expedida pelo juiz da 18ª Vara Cível e Comercial, José Olegário Monção Caldas.
Para conceder a liminar, o juiz atendeu pedido das duas filhas de Dadá, Maria Celeste Medeiros da Silva, 59, e Maria do Carmo Silva Chagas, 57. Elas pediram R$ 5 milhões de indenização.
Silva e Chagas disseram que o filme de Cariry não é fiel à história dos dois cangaceiros.
No início deste mês, o filme voltou a ser exibido por determinação do Tribunal de Justiça da Bahia, que cassou a liminar concedida pelo juiz.

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