São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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Ganense será novo secretário-geral da ONU

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A França desistiu de vetar o nome de Kofi Annan, de Gana, para o cargo de secretário-geral da ONU, e o seu nome foi aprovado ontem pelos 15 integrantes do Conselho de Segurança da entidade.
Annan, 58, era o candidato predileto dos EUA, que vetaram a reeleição do egípcio Boutros Boutros-Ghali, apoiado pela França.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) têm poder de veto sobre qualquer decisão da ONU.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu ontem e formalizou a indicação de Annan à Assembléia Geral, integrada pelos 185 países-membros da ONU. A assembléia ratificará a escolha.
O mandato de cinco anos de Annan começará no dia 1º de janeiro próximo. Ele é o atual chefe das operações de manutenção de paz da ONU. Antes, foi seu diretor de pessoal, diretor de orçamento, responsável pelo programa de refugiados e coordenador de segurança. Annan será o primeiro integrante da burocracia da ONU a chegar ao seu posto máximo.
Desde que deixou Gana, em 1959, com uma bolsa da Fundação Ford para estudar economia no Macalester College, em Saint-Paul, Minnesota (Meio-Oeste dos EUA), só viveu em seu país por dois anos, entre 1974 e 1976, quando foi diretor da agência de turismo de Gana.
Fez mestrado em administração de empresas no conceituado MIT e morou em Addis Abeba (Etiópia), Genebra (Suíça) e Nova York.
Ele é casado com a pintora sueca Nane Lagergren, filha da jurista Gunnar Lagergren e sobrinha de Raoul Wallenberg, diplomata da Suécia que resgatou dezenas de milhares de judeus da Hungria sob dominação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Eles têm duas filhas e um filho adultos.
O anúncio de que a França desistiu de vetar o nome de Annan foi feito pelo embaixador do Reino Unido junto à ONU, John Weston.
Africanos
Depois de terem vetado a reeleição de Boutros-Ghali, os EUA anunciaram que aceitariam o nome de qualquer candidato escolhido pelos países africanos (pela tradição da ONU, cada continente tem um representante como secretário-geral por dois mandatos).
Apesar de apoiarem Annan, os EUA declararam neutralidade no processo, para não prejudicar as chances do seu preferido.
Qualquer candidato que recebesse o endosso formal dos EUA teria dificuldade para se eleger.
A maioria absoluta dos países-membros da ONU preferia a reeleição de Boutros-Ghali. A decisão de vetar seu nome foi tomada pelo presidente Bill Clinton durante a campanha eleitoral para esvaziar as críticas da oposição de que seu governo havia submetido a soberania norte-americana aos interesses da ONU, em especial na ação da entidade na Somália.

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