São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
CRM investiga 'privatização de fígados'
ROGÉRIO GENTILE; ROGÉRIO WASSERMANN
A denúncia foi publicada ontem na coluna de Elio Gaspari, na Folha. Segundo ela, parte dos fígados destinados a transplantes não estão sendo utilizados para os doentes que estão na fila à espera de transplantes gratuitos, mas para pacientes que procuram clínicas privadas e pagam até R$ 100 mil pela operação. Isso contraria a lei. A nova forma de distribuição de órgãos estaria funcionando desde outubro, após a assinatura do documento denominado Consenso Estadual para Transplantes de Órgãos, elaborado por um conjunto de profissionais de equipes que realizam transplantes. Médicos que elaboraram o documento negam que o consenso vá facilitar o transplante para pessoas que possam pagar. Segundo eles, o sistema vai aperfeiçoar e aumentar a eficiência na distribuição de órgãos, evitando perdas e eliminando as filas (leia ao lado). Segundo o diretor-secretário do CRM, Célio Levyman, um conselheiro terá inicialmente 30 dias para fazer as investigações (o prazo pode ser prorrogado pelo tempo necessário). Depois, o conselho decide se inicia um processo ou arquiva a denúncia. Segundo ele, até há dois anos, o conselho recebia muitas denúncias sobre transplante de órgãos. "Casos em hospitais públicos onde furava-se as filas de espera por meio de influência políticas e casos de desvios para entidades particulares", diz. Levyman diz, porém, que o governo estadual remodelou a comissão responsável e que as denúncias pararam. "Imaginava que estava funcionando de maneira adequada. Agora, com essa denúncia vamos apurar o que está acontecendo", afirmou. Baixo aproveitamento Foram realizados, no Estado de São Paulo, 64 transplantes de fígado entre janeiro e setembro deste ano. Durante todo o ano passado, foram feitos 89 transplantes. Segundo a ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), o número de doadores entre janeiro e setembro deste ano chegou a 114, indicando um aproveitamento de cerca de 56%. No ano passado, foram 170 doadores, com um aproveitamento aproximado de 52%. Dados da ABTO mostram ainda que vem crescendo a participação dos hospitais privados no total de operações realizadas. No ano passado, os hospitais privados foram responsáveis por cerca de 39% dos transplantes de fígado realizados no Estado, segundo dados da ABTO. De janeiro a setembro deste ano, este percentual cresceu para 42%. (ROGÉRIO GENTILE e ROGÉRIO WASSERMANN) Texto Anterior: Apresentação de B.B. King leva cem mil pessoas ao Ibirapuera Próximo Texto: Entidade critica denúncia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |