São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 1996
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RESGATE HISTÓRICO

Nenhuma parte da cidade de São Paulo viveu degradação tão rápida como o centro. Em regiões outrora emblemáticas, como o Centro Histórico e Campos Elíseos, o máximo de cautela é pouco para quem hoje por ali circula, a trabalho ou passeio.
Há várias possíveis explicações para esse processo, como a intensa migração para o Sudeste, fluxos imigratórios, o inchaço urbano ou a crise do petróleo dos anos 70, que tornou mais custoso percorrer regularmente grandes distâncias entre a residência e os pólos de trabalho e lazer então situados em grande parte no centro. A região foi assim ocupada por setores de menor poder aquisitivo e um comércio pouco qualificado.
Assim, o Instituto dos Arquitetos do Brasil está enviando à prefeitura projetos escolhidos em concurso, propondo a recuperação da região.
Deve-se lembrar que outras metrópoles do mundo passaram por problemas semelhantes. No entanto, viabilizaram projetos de recuperação sem descuidar de medidas complementares que permitissem inserir as ações urbanísticas específicas em um conjunto mais amplo de iniciativas, visando a qualidade de vida da cidade como um todo.
A lei Malraux, que na década de 60 viabilizou a recuperação de áreas deterioradas de Paris, assim como iniciativas similares em Nova York e Buenos Aires procuraram implementar políticas de compensação a proprietários e comerciantes das regiões históricas para estimulá-los a se engajar na tarefa de reurbanização. Do contrário, a recuperação se reduziria a uma mera maquiagem paisagística, que automaticamente transfere os mesmos problemas para outras regiões ou nem sequer resiste ao tempo. É o que ocorreu nas regiões da Bela Vista e da Luz.
É importante pois lembrar que apenas um projeto arquitetônico isolado não resolve problemas gerais e estruturais da cidade. Se assumir a tarefa de regeneração do centro, é provável que a prefeitura tenha pela frente mais perguntas do que respostas.

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